tag:blogger.com,1999:blog-297062572024-03-13T13:01:09.611-03:00Diario da TriboNotícias de um país de tanga na mão e corda no pescoço.Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.comBlogger145125tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-16120216243285031382022-11-15T07:24:00.006-03:002022-11-15T22:24:30.470-03:00Manejo ambiental moderno<p class="MsoNormal">Foi se sentar na mesa em que rolava o debate mais acalorado.
O casal de amigos discutia alto. Ela gesticulava passando os braços a poucos
milímetros da garrafa de cerveja. Ele ponderava discreto batendo a lateral das mãos
na mesa protegendo o próprio copo:</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– ...eu só estou dizendo que sou um apreciador desse tipo de
paisagem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Mas nós temos o direito, sim, de devastar a mata nativa e
todo o entorno, ou deixá-la como está, e ninguém tem o direito de interferir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O recém-chegado, biólogo e ambientalista que era, e com pós-graduação na área,
não poderia ficar de fora do assunto:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Veja bem, não posso concor...<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– ...eu sou a proprietária da área e ninguém tem nada a ver
com o que eu faço com ela. Interrompeu-o a mulher como se ele nem estivesse na
mesa.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O outro continuou fitado na interlocutora e também o
ignorou:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Eu só estou dizendo que acho bom manter pelo menos a
vegetação de topo de morro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ficou feliz pelo amigo ter uma visão mais sensata do assunto,
ao mesmo tempo em que sentiu uma pontada de decepção ao descobrir que a amiga
de longa data não tinha o tinha o mínimo entendimento sobre o papel ambiental
da cobertura vegetal. Virou-se:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Garçom, um copo, por favor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O garçom era o único que o ouvia ali. Metade da família da
mesa ao lado parecia acompanhar interessada a discussão, duas crianças se
entretinham com celulares, enquanto os pais, mudos, revezavam entre trocar
olhares marotos entre si e fitar a mesa dos três amigos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A amiga não parou nem fez questão de notar a chegada do
amigo, do garçom e agora do copo:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Só quem mantém a mata nativa sabe o transtorno que é para
cuidar – bradou a moça.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Eu entendo, mas há razões nos dois lados...<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Achou aí que o cara iria defender a causa ambiental, aproveitou
para tirar a garrafa do trajeto afoito dos braços da menina e encheu o próprio
copo. O amigo nem parou de falar:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">–...sei que a manutenção dá trabalho. Mas acho que é bom manter,
pelo menos, a vegetação de topo de morro. Acho bonita. Sou um apreciador da
mata, cada uma é de um jeito, a primeira curiosidade que tenho é saber como é o
tipo de cobertura, se é alta ou rasteira, abundante ou rala, adoro me perder
nesses matagais...<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A cabeça do especialista já se contorcia pelo amigo que usava
argumentos estéticos para defender algo que é muito mais do que decorativo, mas
deixou-o continuar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– ... agora, eu concordo com você que a mata ciliar
atrapalha muito. Apesar de muitos especialistas dizerem que ela protege as margens,
é bem verdade que ela dificulta a limpeza, mas principalmente atrapalha, e
muitas vezes até inviabiliza, a execução de “serviços ambientais” – as duas
últimas palavras saíram acompanhadas de aspas feitas com os dedos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Foi o suficiente para o seu ego do especialista gritar por
dentro e ele, por fora:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– BASTA! Ouvi muita bobagem de vocês aqui. Agora vocês vão
me ouvir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Os dois pela primeira vez o olharam e ele desfiou seu
rosário ambiental de ecologista. Contou dos ciclos das florestas, do equilíbrio
delicado entre flora e fauna, da vegetação protetora da erosão.... e blá, blá,
blá... terminando o discurso com as abelhinhas que dependem da mata nativa para
se reproduzir e assim polinizar o planeta!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– Terminou? Eu vou ao banheiro – levantou a amiga da mesa
com desdém e falta de paciência.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Virou-se ele ao amigo:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– O que foi? Falei alguma besteira? <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">– A gente discutia depilação íntima feminina.<o:p></o:p></p>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-21615333563444932242021-11-10T12:18:00.008-03:002021-11-23T15:26:03.732-03:00Minhas tardes com Lívia<p><span style="font-family: inherit;">Uma das coisas boas que a pandemia me proporcionou foi a
visita quase semanal de uma pessoa de 80 centímetros de altura. Lívia é uma
mesticinha mezzo caucasiana, mezzo japinha, um par de olhinhos meio puxados,
meio amendoados, que, no auge de seu um ano e meio de idade, se divertia batendo
na porta do meu escritório doméstico no fim do expediente do teletrabalho.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">Tuc, tuc, tuc... uma pancadinha quase inaudível na porta anunciava
do outro lado um rostinho bochechudo deitado sobre o ombro que me sorria sapeca.
Abrir a porta era o melhor <i>happy hour</i> do mundo. A pequena me enchia de
sol aqueles dias sombrios em que ninguém podia sair de casa. Filha do meu
cunhado, ela se divertia ao deixar um pouco a própria casa e explorar o
apartamento dos tios. Nosso cumprimento era um içamento da criatura, uma
beijoca na bochecha e uma fungada em seu cangote feita só para provocar
cócegas. “Coquinha non, Pabo!”, pedia a pequenina entre risadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">No meu colo, ela me observava fechar as últimas janelas do
Windows, me despedir do trabalho e desligar o computador. Às vezes eu colocava para
tocar um pop rock, só para vê-la dançar sorrindo, balançando a cabeça no ritmo da
música. Depois, ela pedia papel e lápis e desenhávamos juntos mundos muito loucos
nascidos das nossas cabeças de criança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">Ela foi a minha melhor professora de <i>mindfullness</i>, a
meditação da atenção plena. Numa tardinha de sexta-feira, a coloquei sobre seu
velocípede com alça de carrinho de bebê e fomos dar uma volta no quarteirão para
arejar as ideias. Silenciosa, ela observava tudo com uma atenção profunda. Chegamos
a uma banquinha de rua em que compramos biscoito de polvilho, uma das paixões
de Lívia. “Que coisa linda! Sua filha?”, perguntou um senhor também freguês da
banca. “Sim, senhor. Como não haveria de ser?”, eu respondia matreiro piscando
pra ela. Serena, Lívia observava o diálogo, sem me desmentir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">A caminhada seguiu com o nosso costumeiro silêncio quando
ela, subitamente, espantou-se: “pipiu!”. Apontando o dedo, ela mostrava um passarinho que ciscava no chão. Parei o carrinho e
olhei também. Ambos ficamos contemplando o animalzinho pular no gramado a
poucos metros de nós. O pássaro ciscava, bicava o chão, virava a cabeça, procurava algo,
ficava de frente, de lado e de costas para nós. Lívia observava tudo com
inacreditável atenção, olhos vidrados no bichinho totalmente absorta. Mal
piscava. Ficamos mais de um minuto ali. Ela não se entediou nem pediu para seguir,
como se aquele passarinho fosse a coisa mais importante do mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">Por fim, o bicho se cansou da audiência e alçou voo. Lívia o
acompanhou com o dedo e com os olhos até que desaparecesse entre os altos galhos.
Seguimos o passeio, ela feliz, eu modificado. Tomei emprestado o olhar dela e pus-me
a acompanhá-la nessa contemplação. De repente, tudo era absolutamente incrível.
As crianças correndo no parque, o cãozinho que cheirava a grama, o velho lendo
jornal na praça, o vento que balançava as flores, a luz do sol... nada era
banal, as coisas pequeninas mereciam uma atenção minuciosa porque tudo era vida
acontecendo, tudo era fabuloso. Éramos nós dois respirando, admirando o mundo em um delicioso
silêncio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">As maiores fontes da sabedoria estão nos extremos da existência.
Temos nos mais velhos a história que nos poupa das pedras enfrentadas por eles.
Nos ultrajovens, retomamos a simplicidade perdida, fonte do sorriso sincero que
esquecemos que um dia tivemos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: inherit;">Chegamos em casa transformados. Uma Lívia que conheceu um pássaro,
um Fábio que ganhou asas... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: inherit;"> </span></o:p></p>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-88464076167048646992016-08-11T11:25:00.003-03:002016-09-30T10:28:46.098-03:00Zé Anhaia<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">José Anhaia é um menino maluco, daqueles
que aparecem no deserto pedindo o desenho de um carneiro. Quando o conheci eu
estava num momento bem difícil, sem emprego, com esperança minguando, vida
esmaecendo ficando cinza, cinza...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Havia conseguido uma bolsa na Unicamp, mesmo lugar onde seo José trabalhava como motorista a poucos anos de se
aposentar. Andava como se a vida fosse um eterno domingo, sempre contando
piadas e inventando trocadilhos. Dizia que o segredo de seu otimismo era abrir
a janela de manhã “para deixar o ar lindo entrar” e que só o governo deixava o seu
“P.I. reduzido”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Erudito, começou a aprender inglês
sozinho, depois que encontrou um livro didático esquecido dentro do ônibus que dirigia.
O estudo o deixou fluente na conversação. Era ele quem atendia ligações
internacionais com desenvoltura impressionante. “Motorista tem muito tempo
livre e eu uso para ler e estudar”, contava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E como lia! Devorava livros com
apetite formidável. Contagiou colegas mais escolados incentivando-os a conhecer
Rosamunde Pilcher e Gabriel Garcia Márquez. Achava graça nas palavras e as
anotava para colocar na roda de discussão do almoço. “Vocês sabem o que é misógino?
É um xingamento bem chique, não é? Imagine você disparar para o sujeito ‘seu
misógeno’! É muito elegante, não?” Adorava uma boa expressão e um bom título de
livro. “Conhece ‘Teresa Batista Cansada de Guerra’? É de Jorge Amado, belo
título!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A hora do almoço era o fórum
preferido para ele desenvolver suas minuciosas elucubrações. Fazia questão de
trazer questões fundamentais sobre a vida, o universo e tudo mais. Apresentei a
ele o Guia do Mochileiro das Galáxias e o depressivo Marvin o cativou. “Como
pode um robô com depressão?”, debochava do personagem que virou protagonista de
suas piadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mesmo com a intelectualidade
invejável, o que mais chamava a atenção nele era a atitude diante da vida. Deixado com um filho especial, José Anhaia o criava sozinho, com a dificuldade
de morar longe e cruzar a cidade para poder trabalhar. Com todos os revezes que
a vida lhe apresentou, ele jamais aposentou o bom humor e a irreverência.
Gostava de plantar bananeira e andar de cabeça para baixo pelos corredores
vazios da Unicamp. Um dia, o chefe o encontrou assim. “O que é
isso seo José?” voltando sobre as pernas, respondeu sem se abalar, “Estava com
dor de cabeça, professor, andar de ponta-cabeça ajuda a passar”, dissimulou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O fato é que o mundo é muito
certinho para ser visto de cabeça para cima. Grandes mentes precisam subverter
pontos de vista para que ideias fluam, pensamentos sejam oxigenados e as
cabeças não fiquem confinadas sobre pescoços. Talvez por isso elas latejem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Esse moleque sexagenário trazia
doses homeopáticas de cor para minha vida cinza. Foi pingando seu guache em
trocadilhos inteligentes e uma visão absurdamente positiva de tudo. Com sutileza
e ironia trazia momentos diários de alegria seguida de sua gargalhada redentora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ontem recebi um e-mail dizendo
que o coração de Zé Anhaia parou. Não entendi. Nunca entenderei. O menino que surgiu
no deserto desapareceu assim, sem dizer tchau. Jamais vou perdoá-lo por sair desse
modo. Há cinco anos liguei para ele num dia de Natal e ganhei dele boas
risadas. Não admito que nunca mais vou poder repetir isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aprendi com ele que desenhar
carneiros pode não nos tirar do deserto, mas torna a jornada mais leve e a vida
mais fresca. Vou tentar virar o coração de ponta-cabeça. Deve ajudar a doer
menos...</span><o:p></o:p></div>
Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-20214965380745676692014-10-01T19:05:00.000-03:002017-05-04T09:17:27.863-03:00O xampu acabou!<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esse foi o primeiro alerta que soou me dizendo que eu estava
só. Em dez anos de casamento, o xampu jamais havia acabado. Nesse tempo todo,
eu nunca precisei comprar uma gota de xampu. Agora, separado, estava eu lá,
olhando abestalhado para a estante do banheiro e me perguntando “e agora?”</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era parte do casamento uma divisão harmoniosa de tarefas.
Ela cuidava dos itens de toalete, eu ficava com as coisas da garagem. A
cozinha, nós dividíamos. Eu comprava os artigos alimentícios de primeira necessidade:
Danete, Nutella, biscoitos, queijo, cerveja, refrigerante... Ela se responsabilizava
pelos supérfluos do dia a dia: arroz, feijão, legumes, a carne do almoço... De
um dia para o outro, estes últimos ficaram órfãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O xampu também. Admiti, enfim, que a única pessoa que
poderia compra-lo agora estava me olhando com cara de idiota no espelho. Foi aí
que me atormentou uma segunda questão: que xampu comprar? “Dãhhh, compre o
mesmo que acabou!”, diria você. Quisera eu fosse fácil desse jeito. O xampu era
daquela empresa que não gosta de homens, a Natura. Homens precisam entrar na
loja, pegar o produto, passar no caixa e ir embora. Simples assim. Mas a Natura
tem como missão acabar com a objetividade masculina. Ela não tem loja! Eu estava
numa cidade nova e teria de caçar uma “representante Natura”, folhear um
catálogo com milhões de batons, sombras e cremes para encontrar um simples frasco
de xampu e depois esperar um mês para o bendito chegar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando fomos morar juntos, umas das primeiras perguntas que ela
me fez foi: “que tipo de xampu você usa?” “Que tipo de pergunta é essa? Eu uso
qualquer xampu, ora!” “Você não pode usar qualquer xampu, o seu cabelo é
oleoso!” Caramba, acabava de me juntar à pessoa e ela sabia mais do que se
passava na minha cabeça do que eu mesmo. Em pouco tempo, ela dobrou os itens de
toalete que eu usava e quintuplicou meus perfumes. “Você precisa de um sabonete
facial. É bom passar um condicionador de vez em quando...”. Eu não me atrevia a
questionar, afinal ela transitava com tranquilidade naquele mundo misterioso e
complexo em que só mulheres e metrossexuais habitam, o universo dos cosméticos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um mês depois do fim do casamento, ela passou em casa e eu quis mostrar
orgulhoso o xampu que eu tinha comprado sozinho na Mahogany, loja bacana, pra não ter perigo de levar uma porcaria.
“Fábio, o tipo de xampu está certo, mas eu havia lhe falado que os translúcidos
são melhores. Esse é opaco!” Verdade. Ela havia defendido por várias vezes a
superioridade dos xampus translúcidos, mas eu não havia me lembrado. Comprara um
xampu opaco! Mas foi uma semivitória! Antes de conhecê-la eu passaria Omo
líquido nos cabelos e nem notaria a diferença. Evoluí de ogro a lorde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando estávamos juntos, sempre dizia a ela que a razão de
eu ter me casado era a minha dificuldade de juntar os potes Tupperware às suas
respectivas tampas. Quando a união terminou, percebi que aquela brincadeira era
uma verdade maior do que eu imaginava. Uns trinta potinhos de formatos e
tamanhos parecidos e suas tampas coloridinhas espalhadas pelo armário fazem a
tarefa de guardar os restos do jantar uma missão longa e tediosa. Os marmanjos
que não valorizam a vida a dois, com certeza, não usam Tupperware.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">É esquisito ver, de repente, passar uma semana inteira sem
levar nenhuma bronca. A máquina de café tem uma bandeja ajustável. Para tirar
um espresso, às vezes, eu segurava a xícara no ar, mania que peguei da máquina
do trabalho que tinha bandeja defeituosa. Nessas horas, era inevitável: “Fábio,
acerte a bandeja e coloque a xícara nela!” É difícil dizer como é estranho tirar
café “aéreo” no meio do mais absoluto silêncio. Nos primeiros dias, eu até
olhava para trás cobrando uma censura de alguém que não está lá. Mais bizarro
ainda é quebrar um copo sem levar um escalda-rabo instantâneo. A primeira vez
que isso aconteceu, fiquei até triste. “Hei, quebrei um copo! Ninguém se
importa com isso?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Não é mole se desapegar das banalidades cotidianas que
encheram os meus últimos dez anos. Muitas vezes saía de casa deixando alguém
ainda dormindo. Era minha rotina dar uma bicotinha numa bochecha morna que
ainda ressonava. Recebia de volta um sorriso vindo do meio do sonho. Era o
nosso “bom dia”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Também não sei o que fazer com mil coisas do universo
feminino que sobraram por aqui. Mudei de apartamento e a diarista me perguntou
o que era para ser feito com os vasinhos de plantas artificiais, as velas
coloridas aromáticas, os enfeitinhos de prateleira... “Sei lá”, respondi, “acho
que o departamento de decorações desta casa foi desativado”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Me acostumei a assistir TV sempre com companhia, mesmo
quando a companhia dormia no sofá na maior parte das vezes. A noite terminava
com um trabalho danado de levar a pessoa para a cama, mas de repente ficou
muito mais difícil assistir TV sem aquela presença morninha ao meu lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A despeito desse vácuo repentino de companhia, permaneço
sereno e sei que ela encontrará em breve um cara de cabelos oleosos que
precisará dos prodígios dos xampus translúcidos e de um sorriso dorminhoco de
bom dia. De meu lado, sigo com a esperança de um dia encontrar a tampa do meu
Tupperware. Enquanto ela não chega, vou me virando com esse líquido opaco da
Mahogany. </span><o:p></o:p></div>
Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-46646065334035186782014-05-25T16:27:00.001-03:002014-05-30T11:16:11.124-03:00Nem um pouco<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Estavam um de frente pro outro na mesa do restaurante.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tu me amas? - ele perguntou.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sim, eu te amo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Quanto?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela olhou para cima como quem consulta uma memória velha e voltou-se pra ele:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Lembras quando chegaste de viagem de surpresa e eu lhe servi o último bife que havia em casa? - perguntou ela.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Lembro, cheguei depois que tu tinhas jantado.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Pois então. Eu não havia jantado. É desse tanto que eu te amo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tu me amas, mesmo?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sim, te amo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Como?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela olhou pela janela, coçou o queixo como fazia quando pensava muito. Depois, escorregou os dedos pela toalha da mesa e lhe disse:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sabes quando eu te dei aquele perfume e me disseste que nem mesmo tu conseguirias encontrar algo tão teu?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sim.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É desse modo que te amo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele baixou os olhos para a mesa quieto, muito compenetrado como se estivesse se alimentando de cada palavra. Então, levantou o rosto numa expressão marota, olhou nos olhos dela e disse:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tu não me amas, mesmo, não é?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela dobrou a cabeça para o lado bem devagar e seus olhos, fixos nos dele, iluminaram-se de um modo que ele nunca vira antes. E meneou o rosto de um jeito que o estremeceu enquanto respondia sorrindo:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nem um pouco.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Emudeceram ambos. Ela, saboreando cada um daqueles segundos. Ele, repetindo inebriado em seu coração ˜nem um pouco", guardando em si a maior declaração de amor que já recebera.</span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-81836854016340484352013-06-12T08:27:00.002-03:002013-06-12T08:30:27.386-03:00Prefiro namorar<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: large;"><b><span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Prefiro namorar</span></b></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><br />Fábio Reynol<br /><br />Sempre considerei o estatus de namorado muito maior que o de
marido e o título de namorada, com uma carga mística tão exuberante que deixa a
palavra esposa quase sem expressão.<br /><br />Casamento é estado civil, namoro é estado de alma, próprio
daquele que se enamora. Casado pode ser o amante não praticante, o operário que
cumpre a rotina, a menina que não teve escolha, o rapaz que escolheu mal.<br /><br />Namorado, não.<br /><br />Namorado é alcunha daquele que ama e do qual se supõe um
alguém que o ame de volta. Sem documentos, orçamentos ou listas de
supermercados. Independente de aluguel, gasolina ou emprego. Com ou sem uma
casa para morar.<br /><br />Não há namorado que não pratique o namorar, verbo que, por
poética e etimologia, só existe com amor no meio e só serve para se referir a
dois seres que estão no meio do amor.<br /><br />Já o casar é um verbo que às vezes encontra o amor, às vezes,
não. Pode ser uma junção de terras, uma aliança de reinos, um contrato prático,
um acerto de heranças, uma mudança de classe, uma saída confortável, um
greencard expresso, uma foto num porta-retratos, uma demonstração de poder, uma
vitrine de estatus...<br /><br />O namorar não entra na jurisdição dos cartórios nem pode ser
regido por leis. Como filho do amor, o namoro é neto da liberdade e só com
ambos existe. Terminar um namoro não exige advogados nem juízes, é preciso
apenas um não. Começar um namoro não pede festas ou cerimônias, somente um
acordar para si e um olhar para o outro, e quem sabe um beijo na praça para que
a natureza vos declare “NAMORADOS”... </span> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-37391622891750230182012-01-07T13:32:00.000-03:002012-01-07T13:33:54.141-03:00A nossa delícia na boca do mundo<p class="MsoNormal"><span ><b>A nossa delícia na boca do mundo</b><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >O que têm em comum israelenses e palestinos? Cristãos e muçulmanos? Religiosos e ateus? Barack Obama e Hugo Chavez? Justin Bieber e Yo Yo Ma? O Papa e o Dalai Lama? Eu respondo: todos já chacoalharam as ancas com o hit “Ai se eu te pego” consagrado por Michel Teló.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >Esse fenômeno da fina expressão artística brasileira está unindo povos rivais e demolindo as fronteiras das diferenças e preconceitos. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >Compatriotas, embebedai-vos, Michel Teló é o mais forte candidato de todo o planeta para o Nobel da Paz. O Brasil terá enfim um Nobel à altura de seu talento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >MST e Daslu dançarão juntos na Paulista, Chris Flores e Ana Hickmann sairão de mãos dadas, vascaínos e flamenguistas rebolarão no mesmo time e não haverá mais discórdia no novo mundo que abana as mãozinhas e canta: “delícia, delícia...”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >Fabio de Melo e Marcelo Rossi formarão dupla para entoar uma versão do forrozinho feita pelo Padre Antonio Maria, especialista em converter hits pagãos: “Que missa! Que missa! Assim você me salva! Ai, se eu te prego, ai, ai se eu te prego...”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >Não são as lágrimas ou o riso que nos fazem humanos. Tampouco o telencéfalo desenvolvido ou o polegar opositor. É a cafonice!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span > A breguice nos une e o mau gosto nos faz irmãos!!! Eu vou ouvir um “delícia” por isso????<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >Fabio Reynol*<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span >*Esse <b>não </b>é um pseudônimo do Luis Fernando Veríssimo!</span></p>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-30795225785946405502011-08-03T23:16:00.002-03:002011-08-03T23:18:27.140-03:00Lições de Klink<div><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; "><span class="Apple-style-span" >Hoje fui à Feira Literária do Tocantins e assisti à palestra do Amyr Klink.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" ><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >Ele contou que uma de suas maiores aventuras foi dar a volta ao mundo contornando a Antártica. Foi a primeira vez que um barco deu uma volta no pólo sul sem escalas.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >O seu maior medo eram as tormentas, muito comuns na região. Para realizar o feito ele teria uma janela de pouco mais de cem dias, coincidente com o ápice do verão, para que não houvesse blocos de gelo ameaçando a segurança da aventura.</span></div><div><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" >Ironicamente, o maior problema da viagem foram as calmarias. Nessas horas, não batia vento e o veleiro não saía do lugar. </span></div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">Bem na metade da jornada, ele viu seu plano indo por água abaixo. Ele não estava conseguindo fazer o tempo médio estipulado para cada dia e naquele ritmo não conseguiria terminar o contorno do Pólo antes de o inverno chegar e encher o mar de gelo.</div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">Já pensando em parar na Austrália ou na Nova Zelândia, Klink recebeu um conselho leigo que mudou o seu rumo. Sua mulher, Marina (ele só poderia ter uma mulher com esse nome!), que nada entendia de navegação e o esperava em terra firme no Brasil, sugeriu pelo rádio que ele aproveitasse os ventos das violentas tempestades para cumprir o cronograma.</div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">Só que ele precisaria de dados meteorológicos precisos para poder seguir as tormentas e ele não tinha isso.</div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">A mulher então vendeu em 11 dias a casa que o casal tinha lutado 10 anos para conquistar. Com o dinheiro, ela contratou um sofisticado serviço de meteorologia baseado nos Estados Unidos que passava informações meteorológicas em tempo real do Pólo Sul.</div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">Com os dados na mão, Marina foi guiando o marido, ajudando-o a apontar sua vela na direção dos ventos e a cumprir a sua mini volta ao mundo.</div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; "><span class="Apple-style-span">A travessura fez </span>Amyr <span class="Apple-style-span">terminar a tempo a travessia e descobrir que o valor que a gente coloca nas coisas são tão voláteis quanto elas próprias. "Diante da emoção daquela conquista, a minha casa tinha o mesmo valor que um palito de fósforo", declarou o aventureiro dizendo ter comemorado em alto estilo graças também à esposa. Ela havia escondido duas garrafas de champanhe no barco, só reveladas quando a aventura terminou.</span></div><div style="font-family: verdana; "><br /></div><div style="font-family: verdana; ">Para mim, casamento é isso: um maluco que toma para si a loucura de outra pessoa, chama isso de sonho e o ajuda a realizá-lo cometendo insanidades ainda maiores.</div></span></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-45125908809901535372010-06-30T14:16:00.001-03:002016-02-26T13:25:16.654-03:00As arenas de 2014<span style="font-family: "verdana";"></span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>As arenas de 2014</b></span></div>
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Fabio Reynol</b></span></div>
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<span style="font-family: "verdana";"><span style="font-family: "verdana";"><br /></span></span></div>
<span style="font-family: "verdana";">O Brasil acaba de divulgar a lista dos sete estádios que serão construídos com IPI reduzido para a Copa de 2014 e da bola oficial do torneio do país do futebol que deixará a Jabulani com vergonha de ser tão redonda: </span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Macumbowl</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Salvador (BA)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Imitando uma imensa tigela de oferenda cheia de pipoca, o Macumbowl terá um espaço exclusivo para despachos aos orixás atrás de cada gol. Uma praça de alimentação especialmente montada vai fornecer galinhas pretas, velas, cachaça e quiabo para caruru. Máquinas automáticas fornecerão acarajé e vatapá.</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Batizado por um clã local de "ACM Forever", o Macumbowl será carinhosamente apelidado pelo baiano de "Forévis do ACM". Está sendo construído sem nenhuma pressa.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Trembão</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Piranguinho (MG)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Batizado de maneira a indicar de forma inequívoca a sua localização, o Trembão será mais mineirim que o Mineirão. Ícone da mineirice nacional, esse estádio contará com uma bela fachada em formato de queijo meia-cura. Será a primeira arena do mundo com cobertura de doce de leite caseiro. Máquinas de cafezim espalhadas pelas arquibancadas manterão a torcida acordada em partidas emocionantes entre o XV de Jequitinhonha e o Atlético de Borda da Mata. Projetado pela iniciativa privada, será cem por cento financiado pela Casa do Pão de Queijo.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Piritubowl</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Pirituba (SP)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Encravado no coração da borda extrema da periferia da cidade mais conurbada do Brasil, o Piritubowl será o orgulho de todo piritubano que poderá ceder sua garagem como estacionamento nos dias de jogo. A lonjura de sua localização permitirá a venda de pacotes turísticos aos torcedores que levarão de dois a três dias para chegar ao estádio se optarem pelo trem brasileiro de alta velocidade.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Beiramar</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Bangu (RJ)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Ao contrário do que o nome sugere, o estádio fica a 80 km da praia mais próxima. Financiado pelas maiores empresas do Rio de Janeiro, o PCC e o Comando Vermelho, o Beiramar é uma homenagem a Fernandinho, um dos mais destacados homens de negócio do país. Será o único estádio de 2014 a contar com sistema de segurança particular. Vigilantes armados com granadas de mão, M16 e lançadores de mísseis garantirão a paz e a segurança dos torcedores segundo afirma o responsável pelo empreendimento, </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: "verdana";">o gerente de operações Marquinho do Pó, “Num tem treta, manô, aqui é nóis!” garante o especialista.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Rombo Nacional</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Brasília (DF)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Chamado de "Corruption Bowl" pelos estrangeiros, o Rombo será totalmente construído com dinheiro desviado da Previdência Social. Símbolo da moderna gestão brasileira, custará o equivalente a três viagens a Marte ida e volta com escala na Lua. Dotado de revestimento em mármore carrara, terá lustres de cristal baccarat e cinzeiros Prada especialmente escolhidos pela Reitoria da UnB. Toda a infraestrutura de acesso ao estádio será financiada pelo dinheiro obtido com a venda de deputados.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>El Pinicón</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Foz do Iguaçu (PR)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">O primeiro estádio trinacional do mundo sairá de uma empreitada conjunta entre Brasil, Argentina e Paraguai com cada país fornecendo o que tem de melhor. A rigorosa pontualidade brasileira aliada à qualidade dos materiais paraguaios e sob a coordenação da simpatia argentina fará de El Pinicón a encarnação do retumbante sucesso do Mercosul.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>Bomba Nacuia</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Pelotas (RS)</span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Maior estádio de duplo sentido do mundo, o Bomba Nacuia será construído no formato de uma imensa cuia de chimarrão com uma ajumentada bomba encravada adentrando por sua abóbada. Será encimado por um gigantesco teto retrátil que abre e fecha, entra e sai, sobe e desce cobrindo e descobrindo a torcida e enchendo a gauchada de orgulho. Uma praça de chimarrão com bebedouros de água quente completarão essas nababescas instalações dos pampas.</span><br />
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<span style="font-family: "verdana";"><b>As novas bolas Ardidas</b></span><br />
<span style="font-family: "verdana";">Como reza a tradição mercadológica futebolística, em 2014 o Brasil terá a sua própria bola. Evolução da Jabulani, a verde-amarela Jabaculê será mais torta que a ética do Congresso Nacional em uma homenagem às saudosas pernas de Mané Garrincha. Será vendida com exclusividade por camelôs nos melhores semáforos do país. Falsificações poderão ser encontradas em lojas especializadas e adquiridas mediante módicas propinas.</span></div>
Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-5331260205377882082010-04-16T08:52:00.001-03:002010-04-16T08:54:52.852-03:00Coroinhas em risco: Igreja transfere padres pedófilos para o Brasil<span style="font-size:130%;"><span style="font-family: verdana; font-weight: bold;">Coroinhas em risco: Igreja transfere padres pedófilos para o Brasil</span></span><br /><span style="font-family: verdana; font-weight: bold; font-style: italic;"><br /> Fábio Reynol</span><br /><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">Tirem seus coroinhas da reta e da sacristia. A Santa Sé deu uma lição nos padres que bolinavam crianças no primeiro mundo, mandou-os molestar as do terceiro e quarto. Tá certo. Na periferia não existem crianças, só dimenores.</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">E o Brasil, famoso por sua vocação sexyreligiosa, acolheu dois padrecos acusados de passar a tradição oral da igreja aos little kids da América do Norte. Não é piada, está na Folha de hoje (http://ow.ly/1ze4s).</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Um desses sacerdófilos, da ordem dos xaverianos descalços de mãos peludas, foi parar no interior do Pará para catequizar curumins! Um revival da catequese colonial na qual jesuítas mostraram aos índios a retidão e a dureza necessárias ao afloramento da fé católica.</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Outro padre que se aboletou em Salvador botou o pelourinho de fora e colocou suas crianças aos deleites de seus amigos. Num turismo sexual agenciado pelo religioso, seus catecúmenos eram oferecidos aos visitantes estrangeiros.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Isso sem contar os sacerdófilos 100% nacionais que em colégios e seminários ensinavam seus alunos a tocar órgãos. </span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Na Europa não era diferente. Enquanto a safadeza rolava solta na diocese de Munique, o arcebispo Ratzinger analisava bem analisadinho cada caso e em menos de vinte anos o padre molestador era sumariamente punido com uma transferência para um paraíso sexual onde poderia introduzir a fé em pagãozinhos que tinham ainda menos voz que seus irmãozinhos europeus.</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Ainda bem que Ratzinger tornou-se infalível.</span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-64311148958590048882010-02-11T09:29:00.002-03:002010-02-11T09:35:22.574-03:00<div style="margin: 1ex;"> <div> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Amigos,</span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Abri aqui um espaço para divulgar o trabalho da minha amiga Betina Vansan, um jovem talento que desponta da literatura.</span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Ela tem 13 anos, lê compulsivamente, tem um papo inteligente e é judoca medalhista.</span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Este post é para que ela não possa negar que me conhece quando for dar entrevistas no Jô, na Marília Gabriela e estiver autografando na Flip ou na Bienal de Frankfurt.</span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">J.K.Rowling cuide-se! Seus dias de magia estão contados...</span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Vem aí Betina Vansan.<br /></span></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Esta minicrônica é dela:<br /></span></p><p><br /></p><p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:6;"><b>Diário de uma Barata</b></span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">16 de Setembro, quarta-feira 21:30</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Neste momento estou escondida de baixo do guarda-roupa da fêmea mais jovem. Escapei por pouco de uma baita chinelada ! Vou esperar um tempinho até entrar pelo ralo.</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">16 de Setembro, quarta-feira 21:45</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Finalmente os humanos sem casca pararam de me procurar. Desci quietinha pelo cano de esgoto até o point da baratada, sabe? Aquele entre a curva da Caixa-D'água e a Rodovia Cano Partido? Esse mesmo. E adivinha só? O João Ratão (não sei porque diabos ele tem esse nome, afinal ele é um tremendo <i>barato</i> !) me convidou pra sair na sexta-feira ! Nesse instante estou indo pra casa me arrumar minhas anteninhas com Gel Antenor a base de xixi de cachorro,importado da França benhê ! Afinal, uma jovem baratinha merece o melhor.</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">17 de Setembro, quinta-feira 19:00</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Amanhã é meu encontro com o João, mal posso esperar !</span></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Má notícia: meu vôzinho Baratonildo, faleceu hoje. Os humanos o mataram com aquele maldito Raid Preto.</span><br /></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">18 de Setembro, sexta-feira 00:10<br /><br />O João Ratão é um tremendo de um porco ! Me tratou como se fosse lixo !<br />Já cansei de dizer pra ele que você NÃO é o que você COME !</span></p> <p><span style="font-family:Comic Sans MS;font-size:100%;">Grrrrrr , odeio ele ! Odeio o mundo ! E já cansei de você diário estúpido ! Tchau mesmo ! </span></p> </div> </div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-86415793656559699352010-01-25T13:56:00.003-03:002010-01-25T14:02:37.089-03:00Espetáculo "O Vendedor de Palavras" está no Prêmio Açorianos<span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Caríssimos leitores,</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">A maravilhosa adaptação para o teatro da minha crônica "O Vendedor de Palavras" está rendendo cada vez mais frutos.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O espetáculo encenado pelo grupo portoalegrense Mototóti foi indicado para disputar o Prêmio Açorianos nas categorias: "Melhor Dramaturgia" e "Melhor Direção".</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O Açorianos é uma premiação da Prefeitura de Porto Alegre destinada à produção artística local.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Torçam os dedos!</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O espetáculo ficou um primor, e vamos tentar trazê-lo para o Estado de São Paulo este ano!</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">bjs,</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Fabio</span></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-91132580345468326562009-11-24T19:26:00.003-03:002009-11-25T08:16:41.729-03:00"O Vendedor de Palavras" completa 50 apresentações!<span class="Apple-style-span" style=" line-height: 18px; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:13px;"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">Queridos leitores, o espetáculo teatral "O Vendedor de Palavras" completou no último sábado a maravilhosa marca de 50 apresentações!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">A peça, baseada na crônica deste humilde blogueiro segue fazendo sucesso no sul do Brasil, abrindo feiras literárias e arrasando no Brique da Redenção, na capital gaúcha.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">A apresentação comemorativa de sábado mereceu até uma bela crítica da jornalista Helena Melo, que narrou a inefável experiência de assistir em seu blog <a href="http://palcosdavida.blogspot.com/2009/11/o-vendedor-de-palavras-o-conforto-de-um.html">Palcos da Vida</a> e a reproduzo abaixo:<br /><br /><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(51, 51, 51); font-weight: bold; font-family:'Trebuchet MS', Verdana, Arial, sans-serif;font-size:18px;"><a href="http://palcosdavida.blogspot.com/2009/11/o-vendedor-de-palavras-o-conforto-de-um.html" style="color: rgb(51, 51, 51); text-decoration: none; ">O Vendedor de Palavras: o conforto de um bom espetáculo</a></span><br />Teatro de rua, a princípio, não é confortável. Pode ser ótimo, pode ser divertido, mas confortável, não é. Porém, de nada adianta estar na melhor poltrona do teatro perfeito se o espetáculo não presta. Vamos acabar dando a qüinquagésima olhada no lustre para nos distrairmos. Aliás, era este o número de apresentações de O Vendedor de palavras, espetáculo de rua a que fui assistir no Parque Farroupilha.</span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">Para mim, estar ao livre é sinônimo de liberdade. É verdade que em Porto Alegre não é fácil o clima não atrapalhar. Se não é a chuva, é um calor úmido bem desagradável. Pior ainda para os atores que até o último minuto não sabem se vai ser possível apresentar o espetáculo. Mas eles estavam lá. E, diferente do que eu imaginara, com cenário a ser montado. Poucas coisas, mas com uma característica que eu aprecio muito: objetos que se transformam em outros. Então, em poucos minutos estávamos olhando para uma estante cheia de livros que iria se transformar em um píer. Outros pequenos detalhes e as cenas estavam completas. </span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">O nome do espetáculo, para mim que sou jornalista, já me atraia muito. Atiçava minha curiosidade. Haveria um jeito de pagar minhas dívidas só com palavras? Não precisaria ser contratada por uma grande empresa? Ser escritora? Bem, teria que pagar para ver, quer dizer, neste caso, só ficar para ver já que não cobravam nada. A peça é baseada na <a href="http://diariodatribo.blogspot.com/2006/09/o-vendedor-de-palavras.html" style="color: rgb(187, 51, 0); ">crônica de Fábio Reynol</a>, jornalista também. Provavelmente por isso eu tenha gostado da idéia. </span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">Levei o afilhado de minha irmã comigo. Ele não tem ainda o hábito de ver teatro, então, me perguntou quando começaria o show. Eu expliquei que não era um show. Que era um espetáculo. Uma palavra que também serve para show. Mas que nós íamos ver uma peça. É... usar as palavras não é assim tão fácil. Ainda mais, quando logo no início, um dos atores fala justamente que vai fazer um “show de teatro”. Fui desmentida. </span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">O Vendedor de palavras começa com certa improvisação, chamando o público com música. Uma melodia agradável e comunicativa. Aos poucos vai sendo contada a história. Uma? Não várias. A dos avós, a dos pais e a do menino protagonista e sua amada. Dois atores fazem todos os personagens: </span><span style=" ;color:black;"><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">Carlos Alexandre e Fernanda Beppler. E é um prazer ver que nenhum se destaca. Ambos são ótimos em cena. Confesso que me divirto muito com o sotaque alemão da Fernanda. Com certeza não é fácil manter esta fala diferenciada de um jeito tão bem feito, ainda mais quando se faz mais de um personagem. Já conhecia Carlos Alexandre da Comédia dos Erros, então, quando o vi, sabia o que podia esperar. Seus personagens são carismáticos e convincentes. Desculpem. Não sei falar de atuação sem usar adjetivos. Talvez, se eu pudesse comprar algumas palavras... Pronto! Nem achei clientela para vender as minhas e já estou pensando em comprar! Era só no que eu pensava quando começaram a oferecer o significado de “histriônico” a cinqüenta centavos. Claro que eu queria. Ainda bem que lá pelas tantas do espetáculo a palavra foi revelada. Por isso, passo adiante também de graça. Histriônico é engraçadinho! </span><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">As mudanças de figurino acontecem diante de nós. Nem por isso, eles deixam de nos convencer. Ao contrário. Todos os personagens estão definidos. São divertidos e inteligentes. Preciso dizer que adoro esta combinação. Algo que faça rir e pensar ao mesmo tempo, não é perfeito? E é justamente o que fazem algumas falas como: “Por que eu sozinho vou ler para o mundo se o mundo inteiro pode ler sozinho?” </span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">A coordenadora do <a href="http://www.cultura.rs.gov.br/" style="color: rgb(187, 51, 0); ">Instituto Estadual de Artes cênicas</a>, Rosa Campus Velho, estava lá e agüentou firme os 40 minutos de espetáculo. Espero que ela tenha achado que valia a pena. </span><span style=" ;color:black;"><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu saí com uma palavra a mais e com certeza muito mais pensamentos. Bom, acho que devo dizer que histriônico pode ser também bobo, ridículo, comediante, charlatão...Desta vez, vou doar as minhas palavras, mas na próxima...</span><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; "><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">O vendedor de palavras é o primeiro espetáculo do <a href="http://www.motototi.com.br/" style="color: rgb(204, 102, 51); ">Grupo Mototóti</a> e foi contemplado com o Prêmio </span><span style=" ;color:black;"><span style=" ;font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;">FUNARTE de Teatro Myriam Muniz 2008 – Ministério da Cultura. </span><o:p></o:p></span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; "><span style=" ;font-family:Arial, sans-serif;font-size:small;"><span style=" ;font-size:13px;"><br /></span></span><br /></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 14.25pt; margin-bottom: 0cm; "><span style=" ;font-family:Arial, sans-serif;font-size:10pt;color:black;">Concepção e Atuação: <b>Carlos Alexandre e Fernanda Beppler<br /></b>Direção: <b>Arlete Cunha<br /></b>Dramaturgia: <b>Rodrigo Monteiro<br /></b>Trilha Sonora Original: <b>Fernanda Beppler<br /></b>Cenografia: <b>O Grupo com a colaboração de Zoé Degani<br /></b>Máscaras e Boneco - criação e confecção: <b>Paulo Martins Fontes e Eduardo Custódio<br /></b>Figurinos: <b>Coca Serpa<br /></b>Desing Gráfico: <b>Carlos Alexandre<br /></b>Produção e Realização: <b>Grupo Mototóti</b></span></div></span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-34473085805801192922009-10-28T19:47:00.003-03:002009-10-29T09:25:32.623-03:00O homem de terno encardido<div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O homem de terno encardido</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Estava lá o homem que vivia sentado no meio fio, de perna esticada para o meio da rua. Exalava um fedor solapante que enojava as moscas num raio de cinco metros ao seu redor. Trajava um terno mais sujo que a ficha criminal do Elias Maluco e uma calça mais asquerosa que o passado do presidente do Senado Federal. Dele só se aproximavam os bêbados e bêbado foi que o jovem Edgar o conheceu.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Afi! Esse cheiro pode matar alguém de ânsia. Argh! - Comentou o rapaz enquanto despencava na calçada ao lado do maltrapilho.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O mendigo fechou um olho e espiou o atrevido com um ar desconfiado, encostando o queixo no peito. Soltou apenas um “uh” com a boca.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Mas a birita no sangue foi soltando a língua do Edgar e aniquilando o seu senso de limites.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Se um urubu morresse depois de comer uma carniça de gambá e se o cadáver ficasse trinta dias no sol, o vômito dele teria esse cheiro. – irônico imaginar que, se estivesse sóbrio, Edgar jamais conseguiria compor tão poéticas comparações.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O fedido se enfezou, porém mantendo uma pachorra proporcional à ofensa:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Eu mataria você se me dissesse isso um ano atrás. Respondeu olhando em direção à rua, como se respondesse a uma de suas moscas de estimação.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Você tem cara de bandido.... Disse a voz mole de bêbado do Edgar.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Eu só não te mato agora porque estou sem vontade.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Aí! Não falei? Você já trabalhou de bandido antes de ficar fedendo na rua, não foi? – disparou o rapaz perdendo agora o senso do perigo – Qual é o seu nome? Foi um bandido famoso?</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Kent.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Quente? Você devia ser ator pornô.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Clark Kent, eu era jornalista e tô na rua por causa de mulher.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Clark Kent!??? Hahaha! Vai dizer que está na rua porque a Lóis Leine te deixou?</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Aquela desgraçada. Começou a sair com o editor e eu comecei a ficar mais bêbado do que você.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Hihihi... O superómi na sarjeta por causa de mulher! Essa é ótima.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Dessa vez, o mendigo ficou bravo de verdade. Com um só braço levantou um Fusca que estava estacionado ali perto e o arremessou do outro lado do quarteirão. Edgar imaginou que a cachaça que tomara era tão vagabunda que já estava dando alucinação. E aquela alucinação mal cheirosa virou a cara para ele e gritou – “Podia ter sido você!” apontando para o trajeto do Fusca voador.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Sentado na sarjeta, Edgar só viu o Superomem sair voando com uma cara raivosa. Enquanto observava aquela figura patética desaparecer no horizonte com um terno encardido no lugar da capa vermelha, teve outro <i>insight</i> poético de bêbado:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">“Não adianta ter nascido em Kripton se você tem um espírito de pequenopolitano!”</span></div><div><br /></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-65947319780321491372009-08-04T11:39:00.002-03:002009-08-04T16:41:56.979-03:00Os Cadernos da Contrabdução 2<div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><b>Os Cadernos da Contrabdução </b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><b><i>Relatos de ETs vítimas de terráqueos</i></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><b><br /></b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><b>Depoimento 2 - Zigurion Nagakzis habitante do sextante terceiro da galáxia Takmuria.</b></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">“O tempo estava péssimo. Peguei uma chuva de asteróides que me deixou navegando às cegas, com visibilidade de apenas quatro anos luz à frente do párabrisa. Um asteróide em alta velocidade passou de cima para baixo à minha esquerda, joguei o manche para o lado oposto e acelerei. Foi quando aquele planetinha azulado entrou na minha frente.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">O choque não foi tão ruim quanto o que viria depois. Bati contra uma massa líquida, afundei e voltei à tona. Os sistemas não pararam de funcionar, então procurei uma superfície sólida para aplanetar e verificar sinais de avaria. Antes tivesse ido embora. Estacionei ao lado de numa espécie de via para veículos terrestres, saí da nave para analisar a fuselagem. Foi quando uma espécie de autoridade planetária se aproximou em um veículo de duas rodas que não levantava do chão. O sujeito saltou do brinquedo e veio até mim.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor poderia apresentar a sua habilitação? – perguntou para mim, segundo meu tradutor pirântico.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Abri a mão para que ele passasse um scanner ksaihaus. Já imaginava que aquele povo primitivo não tinha tal equipamento, mas ele não comentou nada. Apenas fez outra pergunta:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor pode me apresentar a documentação do veículo?</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Estendi a mão mais perto para que ele pudesse fazer a leitura. Do mesmo modo como fazemos com os policiais de Tianali, aqueles ceguetas! Mas não adiantou, então insisti:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor pode ler – respondi. E ele pareceu ter se assustado com o timbre do meu tradutor pirântico. E começou o diálogo:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- É o seguinte, cara. Se você não tem a documentação do veículo eu vou ter que apreender a máquina e se não tem habilitação para guiá-la vou prender o senhor também.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Percebi que ele estava falando sério, tentei explicar:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Autoridade, acabei de sofrer um acidente. Minha nave acabou de bater em seu planeta e eu estou verificando avarias.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor não pode ir entrando num planeta assim, sem passaporte nem documentação... O senhor passou pela alfândega? </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Não... eu caí por acidente...</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Então eu vou ter que verificar o porta-malas. Abra o veículo – ele disse.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Abri a lateral e ele nem olhou para a bagagem. Ficou fascinado pelas espécimes dormelóides que eu capturei para o meu cunhado. Creio que ele confundiu com fêmeas humanas. De boca aberta, ele perguntou:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O que essa mulherada pelada está fazendo aí atrás?</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor está enganado - respondi – não são fêmeas da sua espécie. São dormelóides do cinturão de Gorite. </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Você é traficante de mulheres! </span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Não são mulheres! São animais perigosos e...</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Vamos fazer o seguinte – disse o terráqueo colocando a mão sobre o meu ombro - você solta essas meninas e a gente dá um jeito de o senhor ir embora como se nada tivesse acontecido... – disse dando uma piscadela.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- O senhor não está entendendo, são bichos realmente perigosos!</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">- Ah, eu sei bem o quanto esse bicho é perigoso! Respondeu a autoridade nativa num tom de chacota. – Ou deixa a mulherada comigo ou vai para a cadeia.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Não tive escolha. Soltei os dormelóides e entrei correndo na nave. Liguei os motores e zarpei sem olhar para trás. Nunca mais tive coragem de voltar àquele lugar. Muito tempo depois, ouvi dizer que os dormelóides tinham eliminado todas as fêmeas do planetóide e estavam se acasalando com o machos. Até hoje a maioria daqueles machos acha que se acasala com seres da sua espécie. Idiotas!”</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Fim da transmissão.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Leia também: <a href="http://diariodatribo.blogspot.com/2008/11/os-arquivos-da-contra-abduo.html">Os Cadernos da Contrabdução - episódio 1</a>.</span></div><div><br /></div><div><br /></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-7742709230140712992009-07-25T11:52:00.003-03:002009-07-25T12:05:05.913-03:00Agradeça mais e por tudo<div><b>Agradeça mais e por tudo</b></div><div><b>Fábio Reynol</b></div><div><br /></div><div>Reagimos imediatamente ao mal que sofremos, mas somos apáticos a todo bem que recebemos. Temos um palavrão pronto para quem nos fecha no trânsito, para quem nos empurra dentro do ônibus, para os que passam na nossa frente na fila da padaria... Conseguimos incluir em nossa ira até outras gerações do agressor e, se houver chance, revidamos com a mesma moeda ou com uma agressão maior. Em todos esses casos, nosso sangue se encharca de cortisol fragilizando o coração ao longo de anos de xingamentos e indignações entaladas.</div><div><br /></div><div>Por outro lado, recebemos diariamente uma avalanche de benefícios que tomamos por “naturais”, e por isso, nos são invisíveis. Ao acordar, recebemos raios de sol que nos fazem liberar serotonina, um santo estimulante para enfrentar o dia. Nossos pulmões não pararam de funcionar, há ao nosso redor oxigênio de sobra para alimentar o corpo e acalmar a mente. Ao longo do nosso trajeto há outros seres que contribuem para a nossa existência, alguns até humanos. Um que acordou cedo para assar o seu pão, outro que também madrugou para transportá-lo ao trabalho, há ainda o que criou a empresa em que você trabalha e todos os seus colegas que a mantém, graças a todos eles você tem um emprego. Tudo isso não é nada banal, apesar de enxergarmos desse modo. Mas basta um elo se quebrar para amaldiçoarmos nosso dia. Se o carro não pega, a padaria não abre, a empresa vai à bancarrota, praguejamos imediatamente.</div><div><br /></div><div>A reação à montanha de coisas boas que ganhamos todos os dias é o simples e poderoso “obrigado”. Como tudo de bom que nos acontece, o agradecimento sincero também não é nada banal. É o reconhecimento de que não temos como retribuir por tudo que recebemos de graça. Isso vai muito além do pagamento pelo pão do seu café da manhã. Nossa cultura mercantilista nos faz etiquetar quase tudo, nos fazendo esquecer que é impossível dizer quando custa as coisas mais básicas e fundamentais à vida. Quer exemplos? Sabemos o preço de uma Ferrari, de uma caneta de grife e da mansão dos nossos sonhos. Contudo, quanto você daria por 24 horas de oxigênio se estivesse confinado numa câmara hermética? Uma pequena explosão na superfície do sol em nossa direção poderia queimar o nosso planetinha e varrer num átimo os projetos que carregamos. Quanto você pagaria para o Sol continuar nascendo suavemente a cada manhã?</div><div><br /></div><div>As coisas mais valiosas para a nossa vida não são compráveis. Se o fossem não teríamos como pagá-las. Admitir essa verdade é dizer “obrigado”. Você está respirando? Aquele vasinho de violetas da sua cozinha é co-responsável por isso. A plantinha produz parte do oxigênio que mantém você vivo, e mesmo assim, ninguém a agradece por isso. Seu carro pegou na primeira vez que você virou a chave, mas como em sua cabeça é isso mesmo que deveria acontecer, não há um “obrigado!” ao universo. Uma cadeia de boas ações se desenrola durante o nosso dia e sequer a reconhecemos, por isso ficamos cada vez mais cegos e insensíveis à vida.</div><div><br /></div><div>De outro lado, se começamos a agradecer e enxergar cada benefício recebido, vamos perceber que eles são ilimitados. Não haverá um dia em que não exista algo novo para se agradecer. Uma das consequências disso é que treinaremos nossa visão para mirar as coisas boas. Com o tempo, perceberemos que há sempre algo positivo em tudo que passamos. Sairemos do nosso castelinho de mágoas e começaremos a enxergar o mundo com uma visão mais ampla. Nesse ponto, estaremos perto de uma das mais nobres virtudes, a da compreensão. Fruto de outras capacidades raras como a compaixão e a lucidez, a compreensão é uma conquista exclusiva daqueles que conseguem enxergar a realidade sem deformações.</div><div><br /></div><div>Há algum tempo, eu estava guiando por uma via movimentada quando outro motorista cortou a minha frente sem dar sinal me fazendo dar uma brecada brusca. “O que esse cara tem na cabeça!?”, gritei. Minha amiga Beth, que estava ao meu lado, respondeu “Fique calmo, o pai dele morreu, ele perdeu o emprego e a esposa acabou de brigar com ele”. A construção imaginária que ela usava para receber as agressões também se tornou uma ferramenta para mim e o ódio momentâneo perdeu a razão de ser. Agradecer pelas coisas boas é caminho para agradecer por tudo, até pelo que não consideramos “bom”. A fechada que levamos no trânsito pode servir tanto para testar nossos reflexos e atenção como para treinar o domínio de nossas próprias emoções. Com isso, em vez de cortisol, nosso corpo se encherá de endorfinas revigorando alma, mente e prolongando a vida do coração. Mas isso só vem depois de muitos e muitos “obrigados”.</div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-72324620713448168352009-06-26T10:00:00.002-03:002009-06-26T10:04:00.978-03:00Vendedor de Palavras em Gravataí - RS<div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">No dia 20/06, o Mototóti levou o espetáculo teatral "O Vendedor de Palavras" para a escola Rosa Maria, em Gravataí, Rio Grande do Sul, local onde o roteirista da peça, Rodrigo Monteiro, estudou e lecionou.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Veja no blog do </span><a href="http://grupomotototi.blogspot.com/2009/06/escola-rosa-maria-gravatairs.html"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Mototóti</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">.</span></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-80258984963428963512009-06-12T12:21:00.004-03:002009-06-12T12:29:54.518-03:00Para que um dia dos namorados?<span style="font-family: verdana; font-weight: bold;">Para que um dia dos namorados</span>?<br />Fábio Reynol<br /><br /><span style="font-family: verdana;"><span style="font-style: italic;">“Amar uma pessoa é aprender a música que ela tem no coração e cantar para ela quando ela a tiver esquecido.”</span> Anônimo</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Há muito mais por detrás das datas comemorativas do que o rolo compressor do capitalismo tenta nos vender. Afinal, o Dia dos Namorados não haveria de ser mais do que flores, presentes e motéis? Casais que resistem ao apelo consumista costumam levantar sua resistência ignorando a data e acabam esvaziando a comemoração de modo equivalente aos pares que a transformaram em mera troca de presentes. O sentido é o que colocamos nas coisas e não a simples ditadura de uma sociedade. Se não fosse assim, cristãos lúcidos não comemorariam o Natal simplesmente para não ceder aos imperativos do mercado, e as pobres mães dos esclarecidos não teriam sequer um telefonema no Dia das Mães. O Dia dos Namorados está no mesmo pé e ignorá-lo é relevar uma celebração dedicada ao amor.</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Trata-se de uma data especialmente importante por nos lembrar que somos seres enamoráveis e enamorados. É o dia de encarnar a possibilidade do “sim, há um outro que foi, é ou será encantado por mim. A possibilidade do alguém contra o qual as minhas leis não funcionam e que bagunça a minha existência com o seu existir”. Veja o quanto isso é muito maior do que entendemos por casamento. Há muito pouco tempo, casamento por amor era um oxímoro, termos que não se combinavam, porque casar era satisfazer interesses, fossem eles dos cônjuges, de seus parentes ou até de Estados. Carregamos em nós muito dessa herança e o papel burocrático, social, e ainda interesseiro, prevalecem nas relações. Por outro lado, os termos namoro por conveniência, namoro por interesse ou namoro obrigatório são termos inconcebíveis no estrito senso da palavra. Pois não se pode estar em amor (namoro) obrigado ou motivado por qualquer outra coisa que não seja o próprio amor.</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Podemos viver uma relação afetiva estável, sincera e até feliz por décadas sem nunca ter chegado perto de um simples e honesto namoro. O Dia dos Namorados é o momento de rever se somos dignos de ser chamados de “namorado(a)” e se realmente temos alguém para chamar como tal. A descoberta dessa pessoa é algo que ultrapassa as flores, as caixas de bombons, o jantar e a noite numa hidromassagem. O casal mais feliz que conheci estava junto havia 17 anos e, admiravelmente, eram casados. Ele aposentado por invalidez, ela faxineira que trabalhava duro para manter uma casa que alugavam na periferia. Quando os filhos saíam, montavam uma piscina de lona no quintal e comemoravam seu amor regado a cerveja acompanhada com o que tinham na geladeira. Brigavam e se reapaixonavam com frequência e se admiravam mutuamente. Por falta de dinheiro, não tinham carro e não conheciam motel. Em contramão a tudo o que o mercado dita por "felicidade", eram felizes e sabiam melhor do que ninguém o significado do Dia dos Namorados.<br /></span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-25024052588772920972009-06-02T11:05:00.005-03:002009-06-02T11:11:31.177-03:00"O Vendedor" abre Seminário de Leitura<a href="http://1.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/SiUyxetYVSI/AAAAAAAAAxg/f6lJ7Nl_rII/s1600-h/teatro.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342732358583342370" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 213px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/SiUyxetYVSI/AAAAAAAAAxg/f6lJ7Nl_rII/s320/teatro.JPG" border="0" /></a><br /><div><span style="font-family:verdana;"><span style="font-size:180%;"><strong>O</strong></span> espetáculo teatral "O Vendedor de Palavras" abriu o 9º Seminário Estadual Leitura Levada a Sério realizado no SESC Ijuí no Rio Grande do Sul.<br />Foi na quarta-feira, dia 27 de maio no Teatro do SESC, e foi prestigiado pela imensa comunidade italiana da cidade.</span><br /><span style="font-family:Verdana;">"O Vendedor de Palavras" é uma produção do grupo de teatro Mototóti de Porto Alegre (RS) e foi inspirada na crônica homônima deste blogueiro.</span></div>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-37381562211853331102009-05-19T13:53:00.002-03:002009-05-19T13:53:00.979-03:00Critica do espetáculo "O Vendedor de Palavras"<span style="font-family:verdana;">Eis uma crítica publicada no blog Crítica de Ponta, sobre o espetáculo teatral O Vendedor de Palavras, produzida pelo grupo gaúcho Mototóti que se baseou na minha crônica homônima.</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><a href="http://criticadeponta.blogspot.com/2009/04/teatro-e-leitura-nova-abordagem.html" target="blank">Crítica de Ponta</a></span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Para os interessados, o espetáculo continua em cartaz em Porto Alegre durante este mês sempre na Redenção (Parque Farroupilha) aos sábados (chafariz) e domingos (em frente à igreja Santa Terezinha).</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Eu assisti. É simplesmente lindo!</span><br /><a href="http://criticadeponta.blogspot.com/2009/04/teatro-e-leitura-nova-abordagem.html"><span style="font-family:verdana;"></span></a>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-78163345409218254152009-05-15T16:51:00.004-03:002009-05-15T16:58:24.774-03:00Vídeo Ana Maria Braga<div style="text-align: center;"><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/RYAcBiFKYeg&hl=pt-br&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/RYAcBiFKYeg&hl=pt-br&fs=1&color1=0x234900&color2=0x4e9e00" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /></div><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Eis o vídeo para aqueles que dizem não ter visto o programa no dia. O texto está um pouco alteradinho. Faltou, por exemplo, um pequeno "não" no trecho "Cérebro feminino <span style="font-weight: bold;">NÃO </span>é um mito". Mas valeu.<br /><br />Para os que quiserem ver o texto original: <a href="http://diariodatribo.blogspot.com/2008/03/mulher-manual-de-preservao-da-espcie.html">Mulher -</a> <a href="http://diariodatribo.blogspot.com/2008/03/mulher-manual-de-preservao-da-espcie.html">Manual de Preservação da Espécie - Fábio Reynol</a>. </span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-86294077850985347312009-05-12T10:03:00.010-03:002009-05-15T16:16:14.992-03:00Mãe, olha eu na Globo!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/Sg24drfOyiI/AAAAAAAAAxY/raxj7zJb6l8/s1600-h/fabio.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/Sg24drfOyiI/AAAAAAAAAxY/raxj7zJb6l8/s320/fabio.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5336123953533340194" border="0" /></a><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><span style="font-family:verdana;">Foi hoje de manhã, logo após uma entrevista da gripe do porco, no programa Mais Você. A pensadora, ensaísta e filósofa neoabstratista Ana Maria Braga leu a crônica "<a href="http://diariodatribo.blogspot.com/2008/03/mulher-manual-de-preservao-da-espcie.html" target="blank">Mulher - Manual de Preservação da Espécie</a>", de autoria deste blogueiro. E tive direito a um elogio do maior crítico literário da TV brasileira!</span><br /><span style="font-family:verdana;"></span><br /><span style="font-family:verdana;">Que se abram as haspas:</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><strong>"Nossa, que lindo! Adorei!"</strong></span><br /><span style="font-family:Verdana;"><strong><em>Louro José - teórico literário e crítico de arte</em></strong></span><br /><br /><span style="font-family:Verdana;">Isso que é começar por cima. Não me misturo com esses autores que iniciam suas carreiras com leituras feitas pela Lucianta Gimenez, Galisteu ou Cicarelli. Não senhor, a minha cafonice é de primeira linha! </span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Este blog conta com o selo de <em>catiguria </em>homologado pelo principal programa de utilidades domésticas do Brasil!</span><br /><span style="font-family:Verdana;"></span><br /><span style="font-family:Verdana;">Oprah Winfrey, vá praticando o seu português!!!</span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-18632589125326307882009-05-11T15:10:00.007-03:002009-05-11T16:24:41.710-03:00A rebelião do futuro<span style="font-family:verdana;"><strong>A rebelião do futuro<br /></strong>Fábio Reynol<br /><br />Era uma sociedade tão moderna e tão robotizada que era muito estranho ainda a chamarem de humanidade. Talvez usassem o termo porque nela ainda houvesse humanos na acepção puramente biológica do vocábulo. Homens e mulheres funcionavam como máquinas, os animais eram obedientes e produtivos como máquinas, as plantas produziam oxigênio e frescor com altos níveis de eficiência como se fossem máquinas e até as máquinas funcionavam como tais. Das máquinas, os homens tiraram seus modelos perfeitos e o criador tornou-se a imagem e semelhança da criação. Tudo era perfeitamente limpo, com precisão máxima e extremamente eficiente. Todos os riscos a tão perfeito sistema haviam sido minuciosamente esquadrinhados, isolados e muitas vezes até eliminados.<br /><br />Todas as espécies de primatas não-humanos foram uma a uma sendo dizimadas. Os especialistas convenceram a sociedade de que uma nova linhagem hominidea poderia brotar de alguma delas e dar origem mais tarde a uma nova espécie inteligente. Dotada de polegar opositor, os indivíduos dessa suposta futura espécie poderiam entrar em concorrência com os humanos, a ponto de superá-los e até de dominá-los. Outra ameaça substancial prevista para o sistema foi uma rebelião cibernética. Por conta disso, foram adotadas normas rígidas que submeteram todos os organismos cibernéticos, na antiguidade chamados de robôs, à estrita obediência à vontade “humana”. Até mesmo os softwares tiveram o seu grau de autonomia reduzido a fim de que não gerassem riscos à perfeita produtividade alcançada por aquela magnífica sociedade que funcionava como um relógio suíço.<br /><br />Todavia, a ameaça surge de onde menos se espera e o primeiro colapso chegou sem ninguém imaginar quem o provocara. Foi o dia em que a rede caiu. Simplesmente nenhum computador do mundo conseguiu se comunicar com outro. Transportes, hospitais, serviço de água, energia elétrica, e até relógios de pulso, que àquela altura somente repetiam as horas recebidas por rádio, pois não tinham mais autonomia para contar o tempo, ficaram mudos ou pararam de funcionar. Ninguém sabia o que estava acontecendo, quem provocara aquilo nem que horas eram. A maioria só tinha certeza de que iria morrer em breve, pois não havia como se relacionar com alguém porque ninguém mais sabia como se dirigir a uma face sem a mediação de uma interface. Aquilo simplesmente não era eficiente e por isso jamais havia sido cogitado.<br /><br />Com muito custo, no dia seguinte, o sistema se recuperou com o reestabelecimento da rede e de todos os seus teralhões de conexões. Atordoados com o susto, os humanos se reuniram (virtualmente, como sempre) para encontrar culpados. Os esforços foram em vão. Tudo foi averiguado e estava perfeito e eficiente como se esperava estar. O problema foi esquecido e interpretado como um mal entendido. O motivo já não valeria a pena saber posto que único e inóquo uma vez que não voltaria a acontecer. Mas três semanas depois, a rede foi novamente derrubada por 24 horas e então o pânico generalizou-se. No dia seguinte, passeatas vituais bloquearam todas as bandas. Banners e sons MP12 de panelas batendo entupiram as conexões exigindo providências das autoridades. De nada adiantou, especialistas se reuniram novamente, deram cabeçadas e pediram para todos se acalmarem ou a produtividade e a eficiência iriam ser ainda mais comprometidas.<br /><br />Após algumas semanas de calmaria, quando todos já esperavam nunca mais ter que se preocupar com ataques ao sistema, uma mensagem foi lida em todos os computadores do planeta: “OBRIGADO PELA AUDIÊNCIA”. Acompanhada por um vírus, a mensagem bloqueou de vez a rede e inutilizou todos os equipamentos a ela conectados de maneira irreversível. De automóveis a assentos sanitários eletrônicos nada mais funcionou. Aparelhos auditivos, marcapassos, dosadores de insulina e até lentes de grau eletrônicas pararam de vez deixando milhares de pessoas na mão.<br /><br />Ninguém sabia a identidade dos autores daquele atentado. Culparam chimpanzés que estariam sendo criados secretamente em uma universidade. Outros inventaram teorias de que o sistema havia desenvolvido vontade própria e que estava se aposentando e se despedindo com uma mensagem jocosa. Mas foi um cientista que identificou os culpados. Ele descobriu que o ataque viera de criaturas que estavam no planeta havia menos de cinco anos. A descoberta veio por acaso. Com suas conexões virtuais bloqueadas, o cientista foi obrigado a se levantar de sua poltrona eletrônica e colocar suas antigas pernas biológicas para funcionar. Ao passar pela sala, encontrou uma das criaturas sabotadoras na frente de um computador. A máquina que ela utilizava, a despeito de todo o caos implantado na rede, estava miraculosamente funcionando e emitindo mensagens de sabotagem para os últimos computadores ainda em funcionamento. Por fim, destruindo seus próprios circuitos, a máquina cometeu suicídio. Ao ver aquela cena bizarra, o cientista gritou:<br /><br />- Filho! Você provocou tudo isso?<br /><br />O menino de quatro anos virou-se com um sorriso:<br /><br />- Eu e meus amiguinhos.<br /><br />Naquele exato momento ele viu o quão equivocados foram os conselhos dos especialistas de baixar de quatro para três anos a idade mínima para se ganhar um computador e de cinco para quatro, a idade limite para se manipular um smartphone. Mas já era tarde. Com as interfaces irremediavelmente danificadas, a humanidade teve que sair à rua e encontrar-se consigo mesma face a face. Sem cartões virtuais, os homens tiveram que reaprender a plantar flores. Sem as comunidades de relacionamento on line, os amigos tiveram de se encontrar pessoalmente nas praças e nos quintais. Sem emoticons, a comunidade mundial foi obrigada a redescobrir os olhares, e reaprender a interpretar as feições. Sem jogos virtuais, ela teve de reinventar a dança de roda e sair em ciranda com suas crianças que, por não serem mais máquinas, estavam livres para reinventar o mundo e poder rebatizá-lo de Humanidade.</span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-44197626920759353102009-05-05T11:49:00.001-03:002009-05-05T11:50:42.269-03:00Sugestão culturalUma sugestão cultural para quem for a Porto Alegre:<br /><a href="http://cidades.terra.com.br/poa/espetaculos/0,7558,I:53291,00.html" target = 'blank'>teatro</a>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29706257.post-9917591732047735562009-05-01T11:13:00.003-03:002009-05-01T11:17:34.073-03:00O Vendedor de Palavras - Temporada de maio<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/SfsDx8mWiAI/AAAAAAAAAxQ/6mxqfSWKSLg/s1600-h/Folder+temporada+maio+2009.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 283px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_LYv5wUYmP_I/SfsDx8mWiAI/AAAAAAAAAxQ/6mxqfSWKSLg/s400/Folder+temporada+maio+2009.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5330858740538574850" border="0" /></a><br /><span style="font-family: verdana;">Se você ainda não assistiu ao espetáculo teatral "O Vendedor de Palavras" esta é a sua chance. Durante os fins de semana de maio, o grupo Mototóti vai apresentar a peça no Brique da Redenção, Porto Alegre (RS). Apareça e compre uma palavra. A entrada é franca!</span>Fábio Reynolhttp://www.blogger.com/profile/10271535160621405725noreply@blogger.com0