Estavam um de frente pro outro na mesa do restaurante.
- Tu me amas? - ele perguntou.
- Sim, eu te amo.
- Quanto?
Ela olhou para cima como quem consulta uma memória velha e voltou-se pra ele:
- Lembras quando chegaste de viagem de surpresa e eu lhe servi o último bife que havia em casa? - perguntou ela.
- Lembro, cheguei depois que tu tinhas jantado.
- Pois então. Eu não havia jantado. É desse tanto que eu te amo.
- Tu me amas, mesmo?
- Sim, te amo.
- Como?
Ela olhou pela janela, coçou o queixo como fazia quando pensava muito. Depois, escorregou os dedos pela toalha da mesa e lhe disse:
- Sabes quando eu te dei aquele perfume e me disseste que nem mesmo tu conseguirias encontrar algo tão teu?
- Sim.
- É desse modo que te amo.
Ele baixou os olhos para a mesa quieto, muito compenetrado como se estivesse se alimentando de cada palavra. Então, levantou o rosto numa expressão marota, olhou nos olhos dela e disse:
- Tu não me amas, mesmo, não é?
Ela dobrou a cabeça para o lado bem devagar e seus olhos, fixos nos dele, iluminaram-se de um modo que ele nunca vira antes. E meneou o rosto de um jeito que o estremeceu enquanto respondia sorrindo:
- Nem um pouco.
Emudeceram ambos. Ela, saboreando cada um daqueles segundos. Ele, repetindo inebriado em seu coração ˜nem um pouco", guardando em si a maior declaração de amor que já recebera.
25 maio 2014
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