12 setembro 2006

Transparência é posar pelada! Fernanda deputada!

Você se lembra de Fernanda Karina, ex-secretária de Marcos Valério?
A moça surgiu dos bastidores das lavanderias eleitorais para jogar toneladas de meleca no ventilador das CPIs.
Ela já tinha um plano: ligaria sua metralhadora giratória, posaria pelada, arrecadaria R$2 milhões em cachê e sairia candidata a deputada em 2006. Infelizmente, por um erro crasso de superestimativa da cotação de seu corpitcho, somente a última parte de seu plano se concretizou, Fernanda está candidata a deputada federal pelo PMDB paulista.
Esse esperançoso texto abaixo é da época do clímax do escândalo do Valerioduto. Naquele tempo, ingênuos achávamos que ela se contentaria em mostrar a cabeluda realidade brasileira.


Transparência é posar pelada! Fernanda deputada!
A ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina Somaggio, deverá atender um apelo de todos os brasileiros: vai posar peladona.
Em tempos de dólares viajando em cuecas, nada mais honesto do que Fernanda Karina mostrar o que esconde em sua calcinha.
Ao matar de inveja a Época, a Veja e a Isto É, quem publicará este grande furo será a Playboy que, diga-se de passagem, é a publicação que mais entende de furos no mundo!
A revista promete nada mais que a verdade, nua e crua, em frente e verso, com closes exclusivos nos caixas um e dois de Fernanda, com detalhes do lugar onde Marcos Valério depositava o seu mensalão!
Mas antes de abrir os cofres, a ex-secretária quer turbinar sua poupança. Pediu para a revista R$2 milhões como cachê. Seu advogado sequer omitiu o destino sórdido do dinheiro: financiar a campanha de Fernanda para deputada federal no ano que vem!
Fernanda Karina mostra, assim, que não vai se contentar em aparecer pelada, mas quer entrar de vez para o submundo da sacanagem.
Se for eleita, a moçoila voltará à folha de pagamento de seu ex-patrão e levará sozinha o seu próprio mensalão.
Já pensou se a moda pega? Para ser eleito vai ser preciso assumir uma postura que antes era apenas figurativa: mostrar a bunda para o povo.
Imagine as chamadas das bancas: “Heloísa Helena mostra na Sexy o lugar onde não bate o PSOL”; Ponto G: “ACM Neto, no clímax do coronelismo” e “Genoíno revela onde enfiou os dólares da família”.
Já roubados por políticos descarados, seremos agora também debochados pelos bundões que elegemos! Toma mais essa, Brasil!

11 setembro 2006

O vendedor de palavras

Para os que pensam que vivo somente de anedotas, eis uma crônica com toda a ironia que este país merece.

O vendedor de palavras
por Fábio Reynol

Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, "indigência lexical". Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma idéia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs.
Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia: "Histriônico - apenas R$0,50!".
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinqüenta curiosos parasse e perguntasse.
- O que o senhor está vendendo?
- Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinqüenta centavos como diz a placa.
- O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.
- O senhor sabe o significado de histriônico?
- Não.
- Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.
- Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
- O senhor tem dicionário em casa?
- Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
- O senhor estava indo à biblioteca?
- Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
- Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinqüenta centavos de real!
- Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
- Se o senhor não comer a alface, ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.
- O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?
- O senhor conhece Nélida Piñon?
- Não.
- É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
- E por que o senhor não vende livros?
- Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.
- E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.
- A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela cara de dona-de-casa ninguém jamais desconfiaria. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil pensamentos novos em um ano de trabalho.
- O senhor não acha muita pretensão? Pegar um...
- Jactância.
- Pegar um livro velho...
- Alfarrábio.
- O senhor me interrompe!
- Profaço.
- Está me enrolando, não é?
- Tergiversando.
- Quanta lenga-lenga...
- Ambages.
- Ambages?
- Pode ser também evasivas.
- Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!
- Pusilânime.
- O senhor é engraçadinho, não?
- Finalmente chegamos: histriônico!
- Adeus.
- Ei! Vai embora sem pagar?
- Tome seus cinqüenta centavos.
- São três reais e cinqüenta.
- Como é?
- Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.
- Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?
- É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?
- Tem troco para cinco?

05 setembro 2006

Sabedoria

Estive fora do ar graças ao provedor de internet. O sinal estava ruim. Sinal dos tempos.

Para que não fiquemos sem reflexões, citarei Millôr:
"É, há muita coisa a ser mudada, mas não se pode mudar tudo. Daqui a milhares de anos a coisa mais confortável pra gente se sentar ainda vai ser a bunda."
Sapientíssimo.

03 setembro 2006

Flashback

Para que não morram no esquecimento minhas produções de outrora, publicarei em doses suaves elucubrações de outros Carnavais, Páscoas e Corpus Christis.

O abaixo é de 2004. Época em que a inteligência nacional foi aviltada com novos “talentos artísticos”. Apesar da ameaça que isso representou ao Brasil, preferimos continuar dando mais importância ao Onze de Setembro. Pior para nós, que continuamos sendo atacados pelas hordas da ignorância. Salve-se quem puder e cérebro para que te quero?

Didi quer ser escritor e a Gisele Bünchen quer ser atriz!
Eu quero ser extraditado!

Deu na mídia e no meio do estômago: Didi Aragão, o Renato, virou romancista! Isso mesmo, aquele cara do programa dominical de debates filosóficos estreou no ramo literário provando mais uma vez que para quem tem dinheiro, para que talento?

Seu sonho agora é entrar para o maior grupo humorístico do Brasil sediado no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Letras. Didi daria um contrapeso intelectual à Instituição, que carece de cérebros. Basta dizer que entre os imortais contemporâneos estão Marco Maciel, José Sarney e Paulo Coelho. Machado de Assis, perdoai-nos! Nossos netos jamais acreditarão que a ABL fora um dia lugar sério.

Mais preocupante são os discípulos de Aragão. Seu principal pupilo é o pensador Kleber Bambam. Descoberto num reality show da Globo, o rapaz tem agora o que lhe faltava para ser um literário de sucesso, grana, a qual substitui o mais inútil dos órgãos humanos, o cérebro.

Se você ainda não acredita que talento e dinheiro são sinônimos, pois vá ao cinema. Gisele Bünchen prova em “Taxi” que não é somente um corpinho bonito, ela é também uma estonteante conta bancária. Pobre de quem compra ingresso para esse desfile.

E tome talento na cabeça! Num país que já conta com “É o Than” nas paradas de sucesso e Luciana Gimenez como apresentadora de TV, Aragão e Gisele são a pá de cal no último resquício de inteligência.

Abaixo os Ubaldos. Venceu a gonorância!