03 novembro 2006

As bruxas que me desculpem, mas nosso saci é sensacional

Peço licença às bruxas que estão lendo esse artigo, mas preciso dizer: seus dias no Brasil podem estar contados. Seu destino será o confinamento ao marketing appeal das english schools de onde nunca deveriam ter saído. Um forte movimento anti-hegemônico levantou-se na pacata São Luiz do Paraitinga (SP), eleita a Capital Nacional do Saci.

Em 2003, alguns paraitinguenses inventaram a festa "Raloim? Só se for com carne seca". Como típicos brasileiros, traçaram o símbolo da festa americana, a abóbora, com jabá e especiarias. Não satisfeitos, resolveram resgatar a Inquisição banindo as bruxas do território nacional, "31 de outubro," declararam, "é dia de saci!" Bendita e santa inquisição a caça às bruxas tupiniquim. Ela chega antes de as crianças esquecerem que o nosso Harry Potter é negro, perneta e usa gorro vermelho.

O caso é grave. Muitos brasileirinhos conseguem soletrar Hogwarts, a witchcraft school de Potter, mas poucas crianças sabem que em noites de tempestade nascem sete sacizinhos em cada gomo de bambu taquaraçu, com seus cachimbinhos já acesos. Não tem algo errado nisso?

Nossa indústria cultural não chega ao porte da dos conterrâneos da Halloween, mas isso não quer dizer que não temos riquezas culturais o suficiente a ponto de importar uma festa que nada tem a ver com o nosso folclore. Se transformamos as sereias gregas em Iara, Mãe d'água, podemos reverter "Raloim" numa Sacizada.
Halloween é válida como expressão cultural norte-americana e, portanto, seu habitat é onde esse povo mora e nos lugares em que sua cultura é transmitida. Daí, tudo a ver com escolas de inglês. Ultrapassar os muros dessas instituições é abrir espaço para que ela ganhe tradição por aqui e, assim, percamos nossas raízes por cultivar as alheias. Rumo semelhante tomou nossas Festas de Peão, que se americanizaram em "Rodeos Festivals", tudo a ver com o Texas, quase nada com a gente. Por isso, repito: senhoras bruxas, leave us alone! We have sacis!

16 outubro 2006

Feliz dia da Saúde Mental, Dia da Criança e Dia do Professor

por Fábio Reynol

O que o Dia da Saúde Mental tem a ver com o Dia da Criança e com o do Professor? Seria mero acaso do destino que as três datas fossem colocadas no mês de outubro dentro do pequeno intervalo de cinco dias? Segundo minha teoria da conspiração foi um professor o criador das três. Quem já passou por uma sala de aula sabe: lecionar é tentar promover a saúde mental alheia em prejuízo da própria.

Dona Elzinha quase teve uma síncope nervosa ao tentar alfabetizar a nossa classe. Dona Neuzinha pediu afastamento após as frustradíssimas tentativas de inculcar a tabuada do sete na cabeça dos infantes. No segundo grau, tive um professor que suava frio toda vez que entrava na classe, e olhe que só foram duas vezes. Na terceira semana, a coordenadora educacional anunciou: "o professor de vocês fugiu". Recobrara a sanidade mental, o coitado.

O tempo passava, a faixa etária da classe subia e a dialética professor-aluno só se aprofundava. De um lado um inocente tentando dar comprovação científica ao valor do serviço que prestava (e pelo qual ganhava uma merreca). Do outro, um bando de rebeldes que nunca entendia por que só o professor era remunerado, já que era o único naquela sala presente de livre e espontânea vontade. Como convencer os jovens que estar sentado naquela carteira era melhor do que passar o dia na piscina do clube, na frente da televisão ou no campinho do bairro jogando pelada? É um exercício argumentativo fenomenal tentar mostrar que "estudando se vai longe" e desperdiçando o tempo no terrão de várzea o máximo que se pode conseguir é um salário milionário no Vasco, no São Paulo ou no Real Madrid.

No entanto o mais impressionante é que, na maior parte dos casos (graças a Deus), o professor acaba convencendo e a cada ano mais crianças saem das faculdades com seus canudos nas mãos. Muitos deles serão bem sucedidos na profissão, alguns vão pendurar o diploma na parede e vender bananas e acabarão mais ricos do que os primeiros. Outros ainda vão se graduar e mandar a sanidade mental às favas. Estes se tornarão professores.

Feliz Dia da Saúde Mental. Feliz Dia da Criança. Feliz Dia do Professor. Todo mundo já recebeu felicitações por pelo menos uma dessas datas, mas não há quem mereça as três ao mesmo tempo.

01 outubro 2006

Eleições - A democracia brasileira é uma criança raquítica

Não acredito que muitos brasileiros enxerguem a importância de um dia de eleições. Nessas manhãs, acordo com um enorme sentimento de grandeza. Nasci numa época em que não se escolhia o presidente da República. Ele era posto e imposto à nação, assim como muitos governadores e até prefeitos que eram nomeados por chefetes em Brasília que se julgavam no direito de escolher pelo povo.

Essa ilustre menina, a Democracia, demorou tanto a chegar por estas bandas que eu e meus pais quase votamos juntos pela primeira vez para presidente. Isso só não aconteceu por detalhes da legislação eleitoral que me excluiu daquele momento histórico apesar de eu ter 16 anos completos no dia do pleito. Mesmo assim, senti muito orgulho ao ver o Brasil saindo do rol de países ditatoriais nos quais povo é apenas gado em pasto de déspotas comunistas ou capitalistas.

Por ter vivido tanto tempo como rebanho, os brasileiros ainda se comportam como tal. Não há nada mais estranho ao Brasil do que o Congresso brasileiro. Um estrangeiro que quiser conhecer o país através de seus representantes no legislativo enxergará um país de doutores, latifundiários, empresários, banqueiros, grandes administradores de planos de saúde e representantes mistos destes e de outros lobbies menores. Onde estão os que representam as donas-de-casa, os caminhoneiros, as prostitutas, os estivadores, os desempregados, os camelôs, os operários, os estudantes, os favelados, os sem-teto e os sem-terra?

Por mais absurdo que pareça, a maioria de nós votará contra si mesmo no domingo. Cidadãos que darão seu apoio a congressistas que já legislaram e agiram contra os interesses de quem neles votou. Isso não é percebido porque a vida democrática para o brasileiro acontece somente a cada quatro anos. Portanto é natural e lamentável que quase ninguém se lembre em quem votou na última eleição.

Felizmente, a Democracia é uma criança paciente. Aos poucos, o acompanhamento da vida política do país vai aumentando. Depois de começar a guardar o nome de quem elegemos, vamos ver o que ele fez nas questões que mais nos interessam. Chegará o dia em que a Maria da Silva verá que aquele lugar em Brasília é dela e não do seu chefe, do coronel da fazenda, do dono da empresa, do dono do banco. Deixará o auto-menosprezo de lado e sairá da senzala para finalmente ocupar a casa grande.

Ao votar neste domingo, tenha em mente duas coisas. Primeiro, o que o seu candidato tem a ver com você? E depois, pense nos brasileiros que morreram lutando pela democracia para que você tivesse esse momento de escolha. Só isso, já nos faz ter uma alma do tamanho do nosso território.

Bons votos, Brasil. Você vai precisar.

12 setembro 2006

Transparência é posar pelada! Fernanda deputada!

Você se lembra de Fernanda Karina, ex-secretária de Marcos Valério?
A moça surgiu dos bastidores das lavanderias eleitorais para jogar toneladas de meleca no ventilador das CPIs.
Ela já tinha um plano: ligaria sua metralhadora giratória, posaria pelada, arrecadaria R$2 milhões em cachê e sairia candidata a deputada em 2006. Infelizmente, por um erro crasso de superestimativa da cotação de seu corpitcho, somente a última parte de seu plano se concretizou, Fernanda está candidata a deputada federal pelo PMDB paulista.
Esse esperançoso texto abaixo é da época do clímax do escândalo do Valerioduto. Naquele tempo, ingênuos achávamos que ela se contentaria em mostrar a cabeluda realidade brasileira.


Transparência é posar pelada! Fernanda deputada!
A ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina Somaggio, deverá atender um apelo de todos os brasileiros: vai posar peladona.
Em tempos de dólares viajando em cuecas, nada mais honesto do que Fernanda Karina mostrar o que esconde em sua calcinha.
Ao matar de inveja a Época, a Veja e a Isto É, quem publicará este grande furo será a Playboy que, diga-se de passagem, é a publicação que mais entende de furos no mundo!
A revista promete nada mais que a verdade, nua e crua, em frente e verso, com closes exclusivos nos caixas um e dois de Fernanda, com detalhes do lugar onde Marcos Valério depositava o seu mensalão!
Mas antes de abrir os cofres, a ex-secretária quer turbinar sua poupança. Pediu para a revista R$2 milhões como cachê. Seu advogado sequer omitiu o destino sórdido do dinheiro: financiar a campanha de Fernanda para deputada federal no ano que vem!
Fernanda Karina mostra, assim, que não vai se contentar em aparecer pelada, mas quer entrar de vez para o submundo da sacanagem.
Se for eleita, a moçoila voltará à folha de pagamento de seu ex-patrão e levará sozinha o seu próprio mensalão.
Já pensou se a moda pega? Para ser eleito vai ser preciso assumir uma postura que antes era apenas figurativa: mostrar a bunda para o povo.
Imagine as chamadas das bancas: “Heloísa Helena mostra na Sexy o lugar onde não bate o PSOL”; Ponto G: “ACM Neto, no clímax do coronelismo” e “Genoíno revela onde enfiou os dólares da família”.
Já roubados por políticos descarados, seremos agora também debochados pelos bundões que elegemos! Toma mais essa, Brasil!

11 setembro 2006

O vendedor de palavras

Para os que pensam que vivo somente de anedotas, eis uma crônica com toda a ironia que este país merece.

O vendedor de palavras
por Fábio Reynol

Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, "indigência lexical". Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma idéia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs.
Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia: "Histriônico - apenas R$0,50!".
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinqüenta curiosos parasse e perguntasse.
- O que o senhor está vendendo?
- Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinqüenta centavos como diz a placa.
- O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.
- O senhor sabe o significado de histriônico?
- Não.
- Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.
- Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
- O senhor tem dicionário em casa?
- Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
- O senhor estava indo à biblioteca?
- Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
- Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinqüenta centavos de real!
- Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
- Se o senhor não comer a alface, ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.
- O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?
- O senhor conhece Nélida Piñon?
- Não.
- É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.
- E por que o senhor não vende livros?
- Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.
- E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.
- A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela cara de dona-de-casa ninguém jamais desconfiaria. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil pensamentos novos em um ano de trabalho.
- O senhor não acha muita pretensão? Pegar um...
- Jactância.
- Pegar um livro velho...
- Alfarrábio.
- O senhor me interrompe!
- Profaço.
- Está me enrolando, não é?
- Tergiversando.
- Quanta lenga-lenga...
- Ambages.
- Ambages?
- Pode ser também evasivas.
- Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!
- Pusilânime.
- O senhor é engraçadinho, não?
- Finalmente chegamos: histriônico!
- Adeus.
- Ei! Vai embora sem pagar?
- Tome seus cinqüenta centavos.
- São três reais e cinqüenta.
- Como é?
- Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.
- Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?
- É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?
- Tem troco para cinco?

05 setembro 2006

Sabedoria

Estive fora do ar graças ao provedor de internet. O sinal estava ruim. Sinal dos tempos.

Para que não fiquemos sem reflexões, citarei Millôr:
"É, há muita coisa a ser mudada, mas não se pode mudar tudo. Daqui a milhares de anos a coisa mais confortável pra gente se sentar ainda vai ser a bunda."
Sapientíssimo.

03 setembro 2006

Flashback

Para que não morram no esquecimento minhas produções de outrora, publicarei em doses suaves elucubrações de outros Carnavais, Páscoas e Corpus Christis.

O abaixo é de 2004. Época em que a inteligência nacional foi aviltada com novos “talentos artísticos”. Apesar da ameaça que isso representou ao Brasil, preferimos continuar dando mais importância ao Onze de Setembro. Pior para nós, que continuamos sendo atacados pelas hordas da ignorância. Salve-se quem puder e cérebro para que te quero?

Didi quer ser escritor e a Gisele Bünchen quer ser atriz!
Eu quero ser extraditado!

Deu na mídia e no meio do estômago: Didi Aragão, o Renato, virou romancista! Isso mesmo, aquele cara do programa dominical de debates filosóficos estreou no ramo literário provando mais uma vez que para quem tem dinheiro, para que talento?

Seu sonho agora é entrar para o maior grupo humorístico do Brasil sediado no Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Letras. Didi daria um contrapeso intelectual à Instituição, que carece de cérebros. Basta dizer que entre os imortais contemporâneos estão Marco Maciel, José Sarney e Paulo Coelho. Machado de Assis, perdoai-nos! Nossos netos jamais acreditarão que a ABL fora um dia lugar sério.

Mais preocupante são os discípulos de Aragão. Seu principal pupilo é o pensador Kleber Bambam. Descoberto num reality show da Globo, o rapaz tem agora o que lhe faltava para ser um literário de sucesso, grana, a qual substitui o mais inútil dos órgãos humanos, o cérebro.

Se você ainda não acredita que talento e dinheiro são sinônimos, pois vá ao cinema. Gisele Bünchen prova em “Taxi” que não é somente um corpinho bonito, ela é também uma estonteante conta bancária. Pobre de quem compra ingresso para esse desfile.

E tome talento na cabeça! Num país que já conta com “É o Than” nas paradas de sucesso e Luciana Gimenez como apresentadora de TV, Aragão e Gisele são a pá de cal no último resquício de inteligência.

Abaixo os Ubaldos. Venceu a gonorância!

31 agosto 2006

Verborragia diarréica

Por que escrevo
Só posso falar por mim. Escrevo por necessidade. Fisiológica, não financeira. Como aquele que acometido de uma incontrolável diarréia corre ao vaso, corro eu ao teclado deitar fora o conteúdo das entranhas. Massa fértil que adubará o latifúndio inexplorado da mente humana.

Feliz de quem conta com tal depurador do espírito. Quem guarda muito de si, acaba apodrecendo idéias na cabeça. Talvez por isso fedam quando pensam. O pensamento lhes sai difícil como um pum suado numa tarde de prisão de ventre. Quem sabe lhes falte um purgante mental para soltar os intestinos da alma. Prescreveria eu: Millôr, Luis Fernando, Stanislaw, Bussunda ou mesmo este poeta escatológico que vos tecla.

30 agosto 2006

Circo do Sol

"Se o Cirque du Soleil fosse um banco, ele seria completo."


"Se o Bradesco fosse um circo, você seria o palhaço."

29 agosto 2006

Quem é o melhor para governar o Brasil: Gandalf ou Dumbledore?

Ambos são CEOs de sucesso e cobiçados pelas maiores corporações do planeta. Seus perfis foram analisados por publicações voltadas para carreira e administração, demonstrando o quanto o mercado se espelha neles e como falta pauta na imprensa especializada. Além de serem cases de sucesso, Gandalf o Branco (ex-Cinzento) e Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore carregam uma característica crucial para salvar o Brasil: são bruxos. O Diário da Tribo, demonstrando mais uma vez o seu indiscutível pioneirismo, pergunta ao brasileiro, “Em quem você vai votar para governar o Brasil: Gandalf ou Dumbledore?” A escolha é difícil porque os currículos são bem parecidos.

Gandalf foi presidente-em-chefe da Confraria do Anel que, apesar do nome pornográfico, tinha como objetivo apenas levar um anel para ser derretido num ourives clandestino da periferia da Terra Média. A empreitada levou nove horas de filme, custou a vida da maior parte da equipe executiva (comum no mundo corporativo) e o dedo do gerente de projeto, Froddo Bolseiro, que encerrou a carreira embarcando num transporte rumo a uma clínica psiquiátrica.

Dumbledore goza de uma invejável reputação como CEO da mais prestigiada escola de ensino fundamental bruxo do mundo, Verrugas de Porco - ou Hogwarts, como dizem os tradutores. Dumb, para os bruxos mais chegados, acumulou cargos importantes como presidente da Suprema Corte dos Bruxos e da Confederação Internacional dos Bruxos. Todavia, jamais aceitou o cargo de ministro da Magia, embora sempre fosse o nome mais cotado.

Os dois bruxos compartilham defeitos de chefes de estado. Como todo FHC carrega na mala o seu Ricardo Sérgio e todo Lula traz na sombra um Waldomiro Diniz, Gandalf quase se deu mal ao apostar muito em Sarumon o Branquelo. Por sua vez, Dumb é muito criticado, especialmente por Harry Potter, por confiar demais em Severo Snape. A exemplo de todo governante, ambos são excepcionalmente honestos, mas capazes de encher a administração de corruptos.

Embora sejam incrivelmente poderosos, uma vez em Brasília tanto Gandalf como Dumbledore estarão sujeitos à maior enfermidade que tem acometido os portadores da faixa presidencial verde-amarela, a Amnésia do Planalto. Ainda sem causa investigada por CPI, a doença apaga toda a memória anterior ao dia da posse. A vítima se esquece de quem foi, do que escreveu, em quê acreditava e o quê defendia, produzindo mais de duzentas milhões de outras vítimas em ciclos que variam de quatro a oito anos.

27 agosto 2006

Ô coisa rica!



Rica e poderosa. Tão pequenino e já querendo dominar o mundo! Não é uma gracinha? Aos cinco meses, George Dablinho Bush já era universitário em Yale. Não por influência paterna, é claro, mas por puro mérito pessoal do menino que exalava genialidade desde o berço. Até hoje, W.Bush mantém intactos os neurônios e a capacidade intelectual daquela época.
Bons tempos aqueles em que o petróleo estava logo ali, no quintal de casa. Hoje a busharada é obrigada a invadir outros recantos para garantir a gasolina nos carangos.
De lá para cá, ampliou-se o conceito de quintal para a família Bush.

26 agosto 2006

Inferno astral

É com imenso pesar astral que comunico a demissão de Plutão do Sistema Solar. A Sociedade Interplanetária Sideral seção Via Láctea resolveu destituí-lo de seu cargo de planeta, decisão homologada pela Ordem dos Cavaleiros Jedi e devidamente lavrada no 874º Cartório de Registro de Imóveis Planetários.

Há muito, fiscais do Ministério da Astronomia suspeitavam que o planeteco era utilizado para a plantação de maconha e ainda se aproveitava de mão-de-obra escrava alienígena. Mas a desculpa oficial foi a de que Plutão, uma espécie de Itapecirica da Serra da periferia do ABC Solar, não tem tamanho para arrotar ares de planeta.

Contrariados, astrólogos do mundo inteiro discordam alegando que o tamanho não é importante, mas o prazer que o pequeno astro proporciona aos escorpiônicos, cujo signo era regido pelo Danni de Vito dos planetas. Com a vaga em aberto, muitos já se candidataram para assumir a regência de Escorpião, George W. Bush encabeça a fila.

A Ordem dos Advogados da Via Láctea (OAV) também entrou com uma representação contra a rescisão do contrato plutônico, mas de nada adiantou. Aquela titiquinha no quintal de Netuno foi defenestrada da panelinha solar enquanto planeta.

Plutaria à parte, a semana foi bem ruim para o mercado de trabalho astral. Outro astro a tomar um pisante nas nádegas foi Tom Cruise. A Paramount pôs um fim a 16 anos de serviços razoavelmente prestados. Para piorar, o filhote de Cruise Credo já está com mais de quarenta. Ser recolocado nessa idade é uma missão quase impossível. Se alguém for ligar para ele, avise que locadora aqui do bairro está selecionando currículos. Como ele já é do ramo talvez tenha alguma chance...

25 agosto 2006

Blog, si. Pero no mucho.

Nunca fui dado a modismos. Incluo nisso blogs, calças boca-de-sino e mangas bufantes. Resisti bravamente à boca-de-sino e não tenho um penteado de príncipe valente para combinar com as bufantes. Todavia fui vencido por minha ensandecida turba de quatro fãs que me são fiéis a ponto de ler o que escrevo - pelo menos se eles fossem ricos poderiam me sustentar comprando todas as edições de minhas obras completas, como não o são, desperdiço cá minha vida trabalhando – bem... eles me convenceram. Ei-lo, o blog.

Tinha para mim que esse negócio de diário na Internet não era coisa de homem. Macho mesmo tinha que ter home page, site, portal... Não adiantou. Essa coisa engoliu-nos todos. Não ter um blog hoje é como não ter um celular blue-tooth-chip-vip-voip-voicer-ABS-com-tela-de-plasma. Todo mundo tem blog: George the Bush, o papa, o Maníaco do Parque, Loiras do Tchan, o ET de Varginha, Eça de Queiroz, o Monstro do Lago Ness... Vi-me obrigado a transexuar a máscula hp “Diário da Tribo” neste meigo Bloguinho. Mas não me chamem de “blogueiro”! Eu só escrevo socialmente e com muita moderação.

Tenho certeza de que este blog será assiduamente freqüentado por milhares de pessoas sem serviço, ávidas por um conteúdo de alta qualidade e em doses cavalares. A esses internautas posso garantir que só encontrarão mais conteúdo em uma estação de tratamento de esgoto.

Bem-vindos à reedição revista, ampliada e esculhambada do País de Tanga na Mão e Corda no Pescoço. Bem-vindos a bordo do Diário da Tribo, uma nau a deslizar no macio mar de lama.

PS.: Faltou grana para o coquetel de inauguração!