27 maio 2008

Ao contrário de seu trânsito, Sampa não pode parar

Com mais quilômetros de carros do que de vias, a capital paulista tem solução para o seu trânsito: utilizar a maior frota automobilística do continente como moradia. De quebra, também estaria liquidado outro sério problema da cidade, o déficit habitacional. Espaço a cidade tem de sobra, só é preciso demolir os milhões de imóveis residenciais que impedem as vias de passar livremente.

Mais imóvel que os imóveis
Morar no carro não seria tão ruim. A estado poderia extinguir, por exemplo, o IPVA na capital, já que o “V” do imposto refere-se à palavra “veículos” o que passa a idéia errônea de locomoção. Os carros paulistanos passariam a pagar IPTU, o imposto que incide sobre os imóveis. Esse tributo está tão desatualizado que na época em que foi criado os carros realmente andavam, inviabilizando a cobrança. Hoje, porém, eles costumam se mover menos que as balançadinhas das construções durante o último terremoto.

Em São Paulo, encontrar uma pessoa no trânsito é mais fácil do que achá-la em casa. Primeiro porque qualquer paulistano que ponha o nariz para fora de casa passa mais tempo no meio de transporte do que em casa. Depois, no caso de cobranças, é impossível falar com o morador em sua residência. Por outro lado, no trânsito de São Paulo, ele não tem para onde fugir e pode ser rapidamente localizado pelo motoboy cobrador. Caso o devedor não pague, o motoboy ainda leva o retrovisor como garantia.

Os endereços seriam práticos e diretos: “Monza preto, DTW 7903, trajeto Moema-Vila Carrão, Capital.” Sem casas de alvenaria, haveria mais espaço para mais carros ficarem parados no trânsito. Os donos de kitnets mudariam para um Fusca, os milionários trocariam suas coberturas por amplas Kombis motor-homes e a classe média sonharia em morar num Corolla Fielder dentro de um estacionamento fechado com portaria 24 horas.

A única construção residencial a ficar em pé seria a mansão de Nicolau dos Santos Neto. Impedido pela Justiça de enfrentar o trânsito infernal da cidade, Lalau é obrigado a se virar da melhor maneira que pode nos 18 hectares de sua propriedade. Ele poderia substituir sua casinha por uma limusine com piscina e ofurô, mas ele iria se sentir numa prisão, coitado!

08 maio 2008

Ronaldo e os travecos: mais um caso de comoção nacional

Após o desfecho entediante do caso Isabella, sem sangue, suicídio ou linchamento para ilustrar nossos meigos telejornais e dar conteúdo às nossas doces revistas semanais, eis um episódio que merece toda a nossa atenção e reflexão e que deve parar o Brasil por três meses: Ronaldozinho, o Feromônio, foi o primeiro craque brasileiro a trocar cachorras por pseudo-mulheres da vida.

O nosso ídolo foi encontrado com três travestis totalmente equipados com munição real e sem medo de usá-la. Os contratados afirmaram que o atleta demonstrou de maneira magistral a sua já famosa intimidade com a bola. Naldinho, por sua vez, disse ter dado pra trás assim que viu o grande problema em que se metera. Já os três vestis responderam que foi justamente ao perceber enormidade do problema em que fora metido que ele optou, por livre e espontânea vontade, em dar pra trás.

Ronaldo segue tranqüilo, ciente de que fez a coisa certa. Enquanto seres iningravidáveis, os travestis podem meter o jogador em muita saia-justa, mas jamais lhe meterão um DNA. As cachorras de plantão podem tirar seus ovulinhos da chuva e suas perseguidas da reta. Lucianta Gimenez está inconsolável, terá que sobreviver de programas intelectuais de auditório e da ridícula pensão de Mick.

O mais fabuloso dessa história é a revista Veja ter dado uma capa para discutir para que lado Ronaldo gosta de dar e a Globo ter conseguido uma exclusiva para ouvir o arrependimento e as dores provocadas pelas boladas. E o País se comoveu ao saber como seus ídolos se divertem e onde a imprensa vai buscar assunto para discussões tão cruciais para o destino da nação.