24 julho 2007

Denúncia anônima

Exmo.Sr. JC,

Protocolei esta denúncia diretamente com teu secretário especial. Por razões de segurança, preferi não deixar nas mãos do porteiro, Simão Pedro. O caso é grave e envolve aquele episódio na praia com o papo de “edificação”, “ovelhas”, “pedra”... tás lembrado? Pois é. Eu fiquei na minha até agora, fingindo que estava tudo bem, mas a coisa está ficando pra lá de preta. Se tu não tomares uma providência logo, vais ter que descer de novo para botar ordem na casa.

O fato é que no começo deste mês o Joseph, que substituiu o Karol na presidência, emitiu um decreto declarando que só ele cantava de galo em teu nome. No documento, ele declara inválido todo mundo que não tiver o crachá da empresa. Ele ainda decretou “falsas” todas as tentativas de comunicação contigo que não sejam feitas pela operadora dele. E o mais grave: ele disse que foste tu que autorizaste o monopólio do serviço, bem naquela conversa da praia quando o Simão recebeu o nome fantasia.

Os problemas, porém, não param por aqui e vêm de mais longe. Há algum tempo, ele demitiu sem mais nem menos todos os homossexuais. Este ano, atacou quem casou mais de uma vez. Antes disso já tinha arranjado uma baita briga por ter ofendido a concorrência. Na época, o pessoal de Maomé queria encher a gente de porrada. E enquanto questões sérias passam ao largo, as pautas de discussão da diretoria ficam no sexo e na camisinha.

Até hoje, fiquei vendo tudo isso sem falar nada. Mesmo porque tu havias dito que nem um fio de cabelo desviado escapava do teu Serviço de Inteligência. Imaginei que seria uma questão de tempo para uma operação da Interpol, uma força tarefa, um raio ou outra forma menos branda de correção chegasse à matriz européia. Como nada aconteceu, imaginei que as coisas poderiam não estar chegando aos teus ouvidos. Por isso, esta carta.

Por fim, Sr.JC, o maior mistério pra mim são tuas escolhas. Entendo Pedro, simples, pescador, bruto, quase sincero. Mas não poderias ter escolhido hoje alguém mais parecido contigo? Ladrões, prostitutas, pobres, gays nem chegam perto da matriz. Se tu deres uma descidinha aqui, duvido que consigas uma audiência sequer com o ajudante do secretário do porteiro da entrada dos empregados. O negócio ficou muito elitizado. A salvação virou coisa de rico. Longe de mim querer meter o bedelho em assuntos do alto escalão, mas não seria o caso de uma intervenção daí de cima? A sugestão tá feita!

Atenciosamente,

Um servidor na corda bamba

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