Como bom brasileiro, o Diário da Tribo vai dar uma força à cultura popular e resgatar as raízes tubérculo-macachêiricas do nosso folclore. A Enciclopédia Diatríbica Brasileira, ou em bom português: Tribopedia (lê-se tribopídia, para os que não sabem ler bom português), traz em seu primeiro fascículo um velho desconhecido dos tupiniquins, o saci.
Saci (Pernetus pulantis)
Originário das florestas supra-tropicais e meso-equatoriais de altitude mediana do Brasil, o saci é uma criatura afrodescendente enquadrada como portadora de necessidades especiais por lhe faltar um dos membros inferiores – geralmente uma das pernas.
A espécie se caracteriza por uma carapuça rubro-sangue da cor vermelha viva puxando para o escarlate. O saci é tabaco adicto consumidor de grandes quantidades de nicotina e de outras ervas maneiras que auxiliam na descontração e no desanuviamento das idéias sacízicas. Como entidade folclórica espada, ele jamais enrola (ou leva) fumo, prefere socá-lo no pequeno orifício de um cachimbo que não sai de sua boca nem durante o exame de próstata.
Até meados do século XX, suas comunidades viviam de atividades assombrativas rurais quando passaram a receber direitos pelo uso de imagem nos livros de Monteiro Lobato. Com a adaptação dessas obras para a TV, alguns sacis entraram para a folha de pagamento da Rede Globo como figurantes ou intérpretes de si mesmos. Conhecida como época áurea do sacizado, o fim da década de 1960 colocou os “coisa-cuisins” globais nas baladas no Leblon e em bundalelês nos apês de Walter Clark, acompanhados por Dona Benta, Sinhá Anastácia e Tio Barnabé.
Com o encruamento da ditadura militar, os sacis entraram para a lista de perseguidos por comunismo do SNI, especialmente por causa da cor de sua carapuça. Muitos foram torturados e obrigados a ficar de três sobre tampinhas de Grapete. Outros foram extraditados para a Europa onde lecionaram na escola de Magia e Bruxaria de Hogwartz, na periferia de Londres, e acabaram servindo de inspiração para outro extraditado folclórico compor a canção London, London.
De volta ao Brasil, após a anistia, os sacis jamais conseguiram se recolocar. A Rede Globo já era dominada pelas mulas-sem-cabeça que narravam jogos de futebol, corridas de Fórmula 1 e apresentavam programas dominicais de auditório com meninas de biquíni equipadas com peitos balançantes. Para piorar, as novas leis anti-fumo, que proíbem a tragada em locais públicos e privados, igrejas, casas de tolerância e de burlesco, áreas de proteção ambiental e regiões tombadas pelo patrimônio histórico e arquitetônico, deixaram aos sacis pouquíssimos habitats disponíveis para a sua procriação. Refugiados em comunidades quilombolas, esses encarapuçados sobrevivem hoje com o auxílio bolsa-família-perneta. Os que se abrigaram nas periferias dos grandes centros vivem de pequenos furtos e de uma vergonhosa aposentadoria por invalidez.
Saci (Pernetus pulantis)
Originário das florestas supra-tropicais e meso-equatoriais de altitude mediana do Brasil, o saci é uma criatura afrodescendente enquadrada como portadora de necessidades especiais por lhe faltar um dos membros inferiores – geralmente uma das pernas.
A espécie se caracteriza por uma carapuça rubro-sangue da cor vermelha viva puxando para o escarlate. O saci é tabaco adicto consumidor de grandes quantidades de nicotina e de outras ervas maneiras que auxiliam na descontração e no desanuviamento das idéias sacízicas. Como entidade folclórica espada, ele jamais enrola (ou leva) fumo, prefere socá-lo no pequeno orifício de um cachimbo que não sai de sua boca nem durante o exame de próstata.
Até meados do século XX, suas comunidades viviam de atividades assombrativas rurais quando passaram a receber direitos pelo uso de imagem nos livros de Monteiro Lobato. Com a adaptação dessas obras para a TV, alguns sacis entraram para a folha de pagamento da Rede Globo como figurantes ou intérpretes de si mesmos. Conhecida como época áurea do sacizado, o fim da década de 1960 colocou os “coisa-cuisins” globais nas baladas no Leblon e em bundalelês nos apês de Walter Clark, acompanhados por Dona Benta, Sinhá Anastácia e Tio Barnabé.
Com o encruamento da ditadura militar, os sacis entraram para a lista de perseguidos por comunismo do SNI, especialmente por causa da cor de sua carapuça. Muitos foram torturados e obrigados a ficar de três sobre tampinhas de Grapete. Outros foram extraditados para a Europa onde lecionaram na escola de Magia e Bruxaria de Hogwartz, na periferia de Londres, e acabaram servindo de inspiração para outro extraditado folclórico compor a canção London, London.
De volta ao Brasil, após a anistia, os sacis jamais conseguiram se recolocar. A Rede Globo já era dominada pelas mulas-sem-cabeça que narravam jogos de futebol, corridas de Fórmula 1 e apresentavam programas dominicais de auditório com meninas de biquíni equipadas com peitos balançantes. Para piorar, as novas leis anti-fumo, que proíbem a tragada em locais públicos e privados, igrejas, casas de tolerância e de burlesco, áreas de proteção ambiental e regiões tombadas pelo patrimônio histórico e arquitetônico, deixaram aos sacis pouquíssimos habitats disponíveis para a sua procriação. Refugiados em comunidades quilombolas, esses encarapuçados sobrevivem hoje com o auxílio bolsa-família-perneta. Os que se abrigaram nas periferias dos grandes centros vivem de pequenos furtos e de uma vergonhosa aposentadoria por invalidez.
2 comentários:
Ótimo texto! Divertidíssimo!
Sacis...porcos....bancos...tu continuas muito bom.!!
Parabéns..!!
JB
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