07 fevereiro 2008

As pessoas mudam... de sexo

Poucos vão se lembrar, mas no tempo dos nossos avós (acho que bisavós), as pessoas nasciam com o sexo definido. Eram chamados de “meninos” os que vinham com bibius e de “meninas” as criaturas que saíam do forno com a pélvis rachadinha. Tempos tranqüilos aqueles em que só havia o branco e o preto, o côncavo e o convexo, o masculino e o feminino. Hoje, as matizes do arco-íris vão do rosa-fúccia ao azul-esmeraldado e com uma ajudinha da ciência e das bebidas light e diet o número de sexos multiplicou-se assustadoramente. Você já tentou explicar para uma criança a diferença entre um gay, um travesti, um transexual e um metrossexual? Cuidado: se você falar que o metrossexual é um homem, poderá atingir de frente o conceito que seus avós tinham desse sexo.

A forma não tem mais nada a ver com o conteúdo e mudar de um sexo para outro passou a ser um esporte popular em todo o mundo. “Nasci mulher, mas no corpo de um homem. Operei! Hoje sou uma mulher no corpo vaginado de um ex-homem.” Em formulários serão comuns os campos: “Sexo: ‘masculino’. Desde quando? ‘Uns oito meses, comecei a sair com a Marli e acabei gostando da coisa...’”

Para os nascidos homens (conceito clássico) é interessante a mudança para o sexo feminino em vários aspectos. A licença maternidade é bem maior que a da paternidade, a aposentadoria pode ser feita mais cedo e as partes anatômicas extirpadas podem contribuir para a redução da fome mundial.

Já para os indivíduos tradicionalmente catalogados como mulheres, a mudança para ala dos machões também pode ser bem vantajosa. Nas sociedades machistas pós-modernas, é bem capaz que um neo-homem receba aumento de salário somente por ter avolumado a sua região pélvica. Além disso, a fabricação de milhões de próteses biláuvicas vai alavancar a indústria da reciclagem de lixo. Imagine a admiração da(o) parceira(o) ao usufruir do longue-dongue reciclado: “Querido, essa garrafa PET jamais proporcionaria tanto prazer se fosse prum aterro sanitário!”

Para os vestibulandos é um drama a mais. Além de terem de optar por uma profissão antes dos vinte anos, eles têm também de escolher o sexo em que irão atuar até terem grana para a próxima cirurgia. “Dúvida cruel: não sei se quero ser um advogado ou uma arquiteta!” Nos adolescentes, a mudança repentina de sexo está provocando conflitos familiares como faziam as tatuagens nos tempos da vovó. “Qualé, pai? Você sempre me deixou ficar até altas horas na balada!”, grita a garota, “Isso era no tempo em que você era menino, minha filha!”

Em nossos tempos modernos poucas coisas nos assustarão no campo da sexualidade. O pansexual conquistará em breve o direito de se casar com uma samambaia, o zoófilo terá autorização do Ibama e conivência do Greenpeace para montar seu harém de seriemas, catetos e marrecas e o cidadão comum vai poder deixar em branco o campo ‘sexo’ de sua carteira de identidade e optar pelo que lhe for mais conveniente (ou prazeroso) a cada momento. Mas ainda haverá aquele terrível momento em que o filho entra na sala para fazer a mais bizarra das revelações: “Papai! Mamãe! Eu sou heterossexual!”

“Onde foi que erramos, meu Deus?!?!?”

4 comentários:

Bianca Zanella disse...

Já diria o filósofo "quando eu sabia todas as respostas veio a vida e mudou as perguntas". Mudaram as perguntas. Nosso vocabulário, nossos conceitos enciclopédicos ficaram todos obsoletos, ultrapassados. Excelentes colocações, as tuas. Perspicazes, e o melhor: empre com um incrível bom humor! Parabéns!

Fábio Reynol disse...

É isso mesmo, Bianca. A única coisa imutável neste mundo são as mudanças - e até elas costumam mudar de vez em quando! Obrigado e abraço!

Anônimo disse...

Com a devida permissão da Bianca(nome de uma filha minha),faço minhas as palavras dela.
".....veio a vida e mudou as perguntas",ótimo comentário guria,e parabéns novamente sr.Fábio.
JB

Anônimo disse...

Prezadas Senhoras:

Peço que me informem, por favor, quais sã os 27 tipos de sexo catalogados?